O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), disse em entrevista, nesta segunda-feira (25), que a atuação da Polícia Militar (PM) foi um “ponto isolado”, no caso da agressão à dona de uma hamburgueria na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no fim de semana. A ação desproporcional dos policiais, durante uma abordagem de fiscalização da pandemia na madrugada de sábado (23), repercutiu porque populares gravaram um vídeo em que a mulher, dona da hamburgueria, foi agredida no chão. Um funcionário do estabelecimento também chegou a ser arrastado pela PM na mesma ação.
“O Governo do Paraná, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e o próprio Comando da Polícia Militar não admitem esse tipo de abordagem. Nós temos 25 mil homens e mulheres trabalhando na PM, todos bem treinados, e infelizmente um ou outro policial acaba tendo um excesso que não está dentro daquilo que é treinado que é do dia a dia”, disse o governador.
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Na mesma entrevista, Ratinho Júnior admitiu que as imagens do vídeo da ação da PM demonstram que houve agressão, mas que o evento será devidamente apurado pela Sesp e pelo Comando da PM. “É um exemplo para dentro da corporação para que outros atos desse não aconteçam no Paraná”, destacou ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC.
Entenda o caso
Na madrugada do sábado uma mulher foi agredida durante procedimentos da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu). O caso aconteceu durante uma abordagem da PM, na rua Raul Pompéia, para fiscalização e combate de aglomerações e foi filmado por pessoas presentes no local.
A confusão começou após o fechamento de uma hamburgueria da região, por conta do descumprimento de normas sanitárias estabelecidas para o controle da pandemia da covid-19 em Curitiba. Os policiais abordaram um rapaz por desacato. Ele seria entregador do estabelecimento, segundo a PM. Em um vídeo, feito pela dona da lanchonete, imagens mostram o homem sendo arrastado e jogado no chão durante a abordagem. Nesse momento, a mulher reclama com os PMs e parece ser agredida.
Veja o vídeo enviado à reportagem pelo advogado da mulher
“Vocês passaram dos limites! Ridículos”, exclama Estephany Rodrigues, enquanto grava a cena. Porém, ao se aproximar dos policiais, a mulher tem o celular derrubado no chão. Durante a discussão, Estephany também é derrubada e começam as agressões.
Imobilizada, o vídeo mostra a mulher recebendo golpes no rosto e o joelho do policial sobre o rosto dela. Com gritos e choro, Stephany sinalizou a violência: “Ele tá quebrando minha mão”. Em outro vídeo, publicado nas redes sociais, Estephany aparece no hospital, com sangramentos no rosto.
O que diz a PM
Procurada pela reportagem no sábado, a Polícia Militar emitiu nota informando que a ação policial se deu na Rua Raul Pompeia (que é conhecido pelas grandes aglomerações, consumo de drogas e perturbação), devido às inúmeras denúncias e chamados por perturbação do sossego e da tranquilidade feitos por moradores daquela rua há algum tempo. “Muitas destas reclamações, inclusive, foram veiculadas pela imprensa nas últimas semanas. A Operação de sexta-feira (22) para sábado resultou em 14 encaminhamentos, veículos irregulares recolhidos, dispersão de dezenas de pessoas, multas a estabelecimentos e veículos irregulares e, principalmente, mais tranquilidade à população de bem que reside naquele região”, diz o texto da PM.
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Ainda segundo a nota, a PM vai apurar as circunstâncias do fato “isolado” citado na reportagem. “No entanto vale ressaltar que, conforme consta em boletim de ocorrência, o policial militar foi agredido e, por isso, precisou usar de força gradativa para conter a mulher, que, inclusive, tentou impedir o encaminhamento de outra pessoa durante a ação policial”, diz a PM.
De acordo com a PM, as ações de fiscalização devem continuar. E a polícia pede “a quem sentiu-se ofendido pela ação policial para que procure a Corregedoria da Polícia Militar, canal oficial para registro de informações envolvendo policias militares, para formalizar o relato e levar o que tenha de informações para a apuração do fato. Caso a pessoa prefira, pode se dirigir a qualquer quartel da Polícia Militar para isso”, finaliza a nota.