Um grupo de cinquenta golfinhos de duas espécies não comuns no Litoral do Paraná foi observado por pesquisadores do Centro de Estudos do Mar (CEM), da UFPR, nas proximidades da Ilha do Mel. Eles foram encontrados durante monitoramento de rotina em uma região de transição entre rio e mar. Ao que tudo indica, os animais foram atraídos por uma zona de maior abundância de comida.
Os golfinhos apareceram na segunda-feira (9), por volta das 11h, e permaneceram por quase duas horas com os pesquisadores. “Pudemos coletar muitas imagens que trazem importantes informações sobre o uso da nossa região por espécies topo de cadeia trófica marinha (cadeia alimentar)”, conta a bióloga Camila Domit.
As duas espécies observadas pelos pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação foram golfinhos-pintados (Stenella frontalis) e golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus). A primeira espécie não é comum no Litoral paranaense, no entanto, pode ser avistada quando há maior produção primária na região (síntese de matéria orgânica a partir de compostos inorgânicos), já que ela segue as correntes com mais alimento. Já a segunda é mais comum na região da Ilha dos Currais e Figueira. De acordo com Camila, os golfinhos mais comuns no Litoral do estado são da espécie Sotalia guianensis, popularmente conhecidos como boto-cinza.
Os monitoramentos do CEM acontecem para avaliar a ocorrência de mamíferos e tartarugas-marinhas no Litoral do Paraná. Servem para estudos do comportamento dos animais na região, a forma como se organizam e, principalmente, se estão sendo impactados por atividades antrópicas (resultantes da ação humana). “Os golfinhos são sentinelas ambientais e refletem a saúde do ecossistema em seus padrões ecológicos e em suas atividades comportamentais. Avaliando esses animais, podemos entender como está a qualidade do ecossistema”, explica Camila.
A bióloga alerta que, com base nos resultados das pesquisas do laboratório, percebe-se que muitas espécies de golfinhos começam a apresentar doenças características de animais estressados pela degradação do ecossistema. “Isso indica que está na hora de cuidarmos da nossa região, para que a situação não se agrave e, no futuro, afete também a nossa saúde”.
Segundo o CEM, mais de 20 espécies de mamíferos marinhos já foram registradas no litoral paranaense. Algumas espécies apenas passam pela região durante a migração, caso das baleias Jubarte, enquanto outras utilizam a região para desenvolvimento, reprodução e alimentação.
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