As constantes invasões ao coletivo da linha Alferes Poli, em Curitiba, fizeram com que ela ficasse conhecida como “linha do terror”. Devido à prática, na manhã desta quarta-feira (9) uma nova ação da GM busca encontrar os fura-catracas, que tiram o sossego de quem paga a passagem. No ano passado, uma denúncia gerou ação da Guarda Municipal (GM) na região que resultou na apreensão de 23 pessoas que não tinham pagado a passagem, mas nada mudou desde então.
Segundo a GM, foram montados alguns pontos de abordagem ao coletivo, ao longo do percurso da linha. A ação deve durar ao longo do dia e a intenção é aproveitar horários de maior movimento para encontrar o máximo de fura-catracas possível.
Estas pessoas, conforme informou a GM, além de não pagarem a passagem e trazerem prejuízo, intimidam motoristas e costumam usar a linha para furtar os poucos usuários que pagam normalmente. Até o final da manhã, foram abordados 16 homens e 10 mulheres no ônibus, que foi acompanhado por equipes da Guarda Municipal em quatro viagens: duas sentido Centro (até a Praça Rui Barbosa) e duas sentido bairro (Parolin). Duas facas grandes e um canivete foram recolhidos.
Por ser um ônibus menor, que tem apenas um funcionário com a função de cobrar a passagem e dirigir, muita gente se aproveita. O preço da passagem seria o mesmo para todo mundo: R$ 4,25, se não fosse a audácia de usuários de drogas, que moram no Parolin e que usam o coletivo como se simplesmente não precisassem embarcar como todo mundo faz todos os dias, pagando a passagem.
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Se não bastassem as invasões, as ameaças também começaram a fazem com que os passageiros que usavam o coletivo mudassem sua rotina para não correr riscos. Para quem paga a passagem normalmente, o Alferes Poli passou a nem ser mais considerado como opção depois que os próprios moradores descobriram que a linha Guilhermina, que também parte da Praça Rui Barbosa, faz praticamente o mesmo trajeto do outro ônibus e passa por lugares mais seguros.
No ano passado, um motorista entrevistado pela Tribuna do Paraná confessou que não tinha o que fazer e simplesmente começou a ceder às invasões para evitar algo pior. “Eu tive que aprender a lidar. Entram sem pagar mesmo e diariamente levam cachorro, coberta, coisas que ganham de pessoas, como geladeira, fogão, colchão”, contou o trabalhador que, temendo até mesmo ser agredido, mudou seu posicionamento. “Antes eu questionava o pagamento e recebia ameaças, criava uma situação perigosa”.
Prejuízo certo
Além de ser o coletivo apelidado como o “terror do transporte público”, o Alferes Poli realmente dá mais prejuízo. Dados do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) apontam que, por dia, apenas 23 passageiros pagam a passagem para usar a linha, que custa R$ 1,4 mil, mas só arrecada R$ 98.
A mesma informação foi divulgada, no ano passado, pela Urbs, que informou que menos de 30 passageiros pagam a passagem e usam o Alferes Poli por dia. Apesar do prejuízo, o único ônibus que faz o trajeto de ida e volta todos os dias não é retirado de circulação, pois a reportagem apurou que é uma espécie de “prejuízo controlado”, já que se essa linha for retirada, os fura-catracas vão passar a invadir outros ônibus e a situação pode piorar ainda mais.