Tradicional no Natal, o panetone adoça os paladares na temporada festiva de dezembro e representa um momento de partilha entre família e amigos. Em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a Siena Alimentos realiza a fabricação dos panetones Festtone e é a terceira maior produtora do país. Coincidindo com o simbolismo de afeto do produto que fabrica, a empresa também surgiu e continua em um meio familiar.

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O cheirinho doce do panetone que se espalha por todo o prédio não nega o que é produzido ali. Anualmente, por volta de julho, a ‘casa dos panetones paranaenses’, construída em um terreno de 20 mil metros quadrados, começa uma fabricação intensa do pão doce.

De acordo com o diretor da empresa, Giuliano Michelangeli, a produção para o final de 2024 chegou perto de 22 milhões de panetones. Além da receita natalina, no início do ano também é fabricada a colomba pascal da Festtone.

Giuliano Michelangeli, diretor da Siena Alimentos. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Essa é a terceira sede da Siena Alimentos, que precisou encontrar espaços maiores ao longo dos mais de 20 anos de existência. Mas tudo começou no Prado Velho, em Curitiba, com a influência de uma receita italiana.

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Giuliano conta que em 1949 os avós dele saíram da Itália e se instalaram em uma fazenda no Paraná para trabalhar com café. Mas uma geada matou toda a produção e o casal decidiu morar em Curitiba para trabalhar com panificação, uma área que já estava praticamente no DNA da família, que atuava nesse setor no país europeu desde 1918.

O negócio foi prosperando e, das entregas de leite e pão realizadas em carroças, a família abriu um supermercado. “No final dos anos 70 meus avós resolveram vender o supermercado e meu pai, que trabalhava junto com eles, começou a ir para a indústria”.

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Pai de Giuliano, Carlo Michelangeli pegou os equipamentos antigos da padaria e iniciou a produção de pães e biscoitos. Assim começou a história da Siena Alimentos, que inclusive foi a primeira fábrica de pão de forma no Sul do Brasil, conforme relata Giuliano.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

De uma receita da família ao sucesso industrial

O panetone estava junto com a família desde quando os avós abriram a panificadora. Foi durante uma visita ao Brasil, no anos 1950, que o bisavô de Giuliano trouxe o panetone, que fez sucesso entre os clientes, pois não era uma receita fácil de encontrar no país na época. O alimento também agradou o paladar de Carlo e, anos depois, ele enxergou uma boa oportunidade em seguir a receita da família e fazer panetones em maior escala na indústria.

“Antigamente não tinha nem essas forminhas de papel. Eles faziam em latas, aquelas latas de gordura porque não tinha outra opção. Começou a dar certo, o pessoal começou a gostar e foi um item que comercialmente tinha uma margem melhor”, explica o diretor da empresa.

As vendas do panetone fizeram tanto sucesso que a família optou por se especializar somente nele, parando de produzir os outros produtos de panificação. O negócio cresceu e atualmente os panetones da Festtone são enviados para o Brasil e exportados também. A fábrica conta com cerca de 70 colaboradores efetivos. Durante os meses de produção mais intensa, são contratados aproximadamente 200 temporários.

Um dos diferenciais da marca é que a história também é preservada na confecção do alimento. Mantendo a massa madre – composta de uma mistura simples de trigo e água -, o sabor da receita original é preservado com a fermentação natural do panetone.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

O processo de confecção do panetone leva cerca de três dias

Giuliano conta que demora cerca de três dias desde o processo com a massa madre até o empacotamento do panetone pronto.

A fabricação começa com a abertura da massa madre, que recebe mais farinha, água e passa quatro horas fermentando. De acordo com o diretor da empresa, essa etapa é repetida algumas vezes. Após a fermentação, a massa recebe outros ingredientes, como farinha, açúcar e ovos.

“Depois é a etapa final. Vai de novo para a masseira, adiciona mais farinha, açúcar, ovos e no final vai acrescentar o que dá a identidade, o sabor do panetone. Vai acrescentar frutas, gotas de chocolate”, comenta Giuliano.

Com todos os ingredientes inseridos, a grande massa do panetone é cortada em pedaços e colocada nas forminhas de papel. Depois de mais algumas horas na fermentação, ela vai para o forno, resfriamento e, por último, empacotamento.

Giuliano sente orgulho ao ver que os panetones que seguem a receita original da família dele se espalham por várias casas do país. “A gente gosta muito desse trabalho, de estar participando das festas de final de ano. O panetone no final do ano é um presente, mas também um agradecimento, uma forma de dar um carinho para as pessoas que tiveram o ano todo junto, em todas as dificuldades, todos os momentos bons e ruins. É um momento de confraternizar e a gente fica muito orgulhoso de poder participar do Natal e Páscoa de tantas famílias”, afirma.

Frutas ou chocolate?

Briga tão natalina quanto uvas passas no arroz, a rivalidade entre panetone e chocotone é clássica. No entanto, Giuliano revela que eles estão bem equilibrados nas vendas. “O frutas e gotas de chocolate é mais ou menos meio a meio. Acho que os mais jovens preferem chocolate e os não tão jovens preferem frutas”, brinca o diretor, que faz parte do time que prefere encontrar as frutas no meio da massinha doce.

Além de frutas e gotas de chocolate, a Festtone tem outros onze sabores disputando a preferência dos clientes, como avelã, duplo chocolate, trufado brigadeiro, doce de leite e chocolate com laranja.

Panetone o ano todo!

Para quem ama panetone a notícia é boa: é possível encontrar os panetones Festtone durante todo o ano. Giuliano revela que é feita uma produção menor, mas que entrega o alimento para alguns clientes em todas as épocas do ano.