Mal começa a escurecer o dia e as luzes do sol são substituídas pelas faíscas que acendem os entorpecentes de usuários em estacionamento na esquina entre as ruas Antonio Bariquelo e Omilio Monteiro Soares, no Fanny. O lixo deixado pela turma de drogados e o medo de passar pelo local são reclamações de moradores e trabalhadores da região, que ressaltam que a “reunião” já acontece há mais de um ano.

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A denúncia chegou ao Paraná Online por meio de um leitor, que informou que a comunidade está assustada e que o espaço é quase uma “cracolândia”. Moradora há mais de 50 anos no bairro, que preferiu não ter o nome divulgado, diz que das 18h em diante o grupo começa a se abrigar no estacionamento. Ela conta que, por medo de assaltos, vai até o ponto de ônibus que fica próximo ao local para esperar uma irmã que volta do trabalho. A mulher diz que alguns dos usuários chegam até a cumprimentá-la, mas que há alguns dias quase teve a casa invadida. “Ouvi barulho no portão e, quando vi, tinha um entrando de bicicleta. Fiz um berreiro até ele sair”, relata.

Segundo a mulher, já foi pedido aos donos do estacionamento que tomassem providência, mas até agora nada foi feito. “Não adianta instalar lâmpadas por aqui, porque eles quebram tudo. Também reviram o lixo que deixamos na frente da casa e espalham toda a sujeira”, reclama. A moradora acredita que, além do uso, no local também há venda de entorpecentes. “De madrugada vi várias vezes táxis pararem ali para pegar algo e saindo em seguida”. Ela afirma que a Polícia Militar foi chamada várias vezes e, quando as viaturas chegam, os drogados se dispersam, mas voltam poucos minutos depois que os policiais vão embora.

Erich Paul Wyrwa, funcionário de uma empresa do bairro, diz que fica incomodado pela sujeira e pelo uso de drogas, mas nunca foi abordado pelo grupo. “Eles ficam na deles, nunca tive nenhum tipo de problema”, ressalta.

Ciciro Back
Ao cair da tarde, cenas como esta se repetem diariamente no estacionamento. E já faz mais de um ano!
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Outro trabalhador, que não quis se identificar, afirma ter visto os usuários pedindo dinheiro aos pedestres, mas também não sabe de nenhum caso de assalto cometido pelo grupo. Ele conta que os drogados costumavam se reunir no pátio de outro estabelecimento da rua Omilio Monteiro Soares, mas o espaço foi cercado por grades. Outros comércios da região tomaram a mesma medida para afastar essas pessoas.

Carla Cindy trabalha no bairro e conta que os usuários passam à noite no estacionamento e muitas vezes estão ali ainda pela manhã. “Tem uma mulher que trabalha comigo que evita passar por lá porque tem medo”, comenta. Alheios à polêmica, os viciados se reúnem e usam as drogas, com a certeza de que não serão incomodados.

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PM só age em flagrante

O bairro Fanny é atendido pelo 13.º Batalhão da Polícia Militar e, segundo a assessoria de imprensa da corporação, é feito policiamento diário com viaturas, motos e com PMs a pé. Auxilia na segurança da área o módulo móvel da PM.

Quanto ao uso de crack no estacionamento, a PM informou que o estabelecimento fica próximo à área de ocupação irregular, que carece de urbanização e ação social. Naquela região foram retiradas três armas de fogo de circulação este ano. A PM esclarece que age quando flagra alguém em delito, como uso de drogas, ou por denúncias da comunidade, pelos telefones 181 e 190.