Cadê a polícia?

Gangue em bairro de luxo de Curitiba mira celulares e joias: medo impera

roubos no batel
Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Moradores e comerciantes do bairro Batel, em Curitiba, relatam que estão sofrendo com furtos e roubos na região. De acordo com a denúncia, um grupo que utiliza bicicletas circula pelas ruas e rouba os celulares dos pedestres desatentos.

A presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Batel, Ana Cecília Parodi, afirma que percebeu um aumento nos roubos desde 2022, com o fim de todas as restrições da pandemia do coronavírus. Entretanto, desde dezembro, Ana diz que a situação piorou.

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Ela conta que se tornou frequente o relato de pessoas assaltadas na região. E segundo Ana, não existe um horário específico para o crime. A presidente do Conseg cita como exemplo o horário do almoço, que é o momento em que várias pessoas estão nas ruas.

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A mulher suspeita que o grupo criminoso use fones de ouvidos para manter uma comunicação. Dessa forma, eles conseguem ficar espalhados e indicar quais são as ruas que estão sem policiamento e que possuem possíveis alvos.

Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp/PR) mostram que neste ano foram registrados 558 furtos e 86 roubos no Batel. Em 2022 foram 1.240 furtos e 158 roubos.

Como muitos casos não são denunciados, Ana fala sobre a importância de ter o boletim de ocorrência, para que o crime seja registrado. “Muita gente não faz, por isso o nosso trabalho também estimula para que as pessoas façam boletim de ocorrência”.

Pensando em resolver a situação, Ana Cecília acredita que seria ideal o Batel ter um módulo policial. “Poderia haver o deslocamento da 2ª Companhia da Polícia Militar para as estruturas do módulo policial dentro da Praça Oswaldo Cruz. É uma área de saída para outros bairros atendidos pela Companhia e é um local adequado que já tem estrutura”, sugere.

Medo entre moradores

A comunicadora social Priscila Merisio mora no Batel há cerca de 15 anos e afirma que a situação está complicada. Ela comenta que faz parte da rotina sair a pé, mas que, por medo, diminuiu as atividades.

“O que me deixa bastante exposta é que passeio com a minha cachorra todos os dias, três vezes ao dia. Eu vou medindo o perigo por causa disso. Antes, sozinha com ela eu ia a distâncias bem maiores”, conta a moradora.

No entanto, ela destaca que desde janeiro fazer a caminhada usando ou falando no celular se tornou impossível. “Diminuiu bastante até nossa qualidade de passeio”, desabafa.

Por sentir medo, Priscila parou de descer do prédio com o celular. Ela explica que tomou essa medida após sofrer alguns sustos. Um deles aconteceu há poucas semanas.

A moradora conta que saiu do prédio usando fone de ouvido. Quando chegou na esquina, dois homens de bicicleta se aproximaram. Ao sentir que seria abordada, saiu correndo e conseguiu entrar novamente no prédio. Por sentir tanta insegurança, a comunicadora anda até com o controle remoto da garagem, caso precise encontrar um refúgio rápido.

E essa não é a primeira vez que Priscila precisou correr. Em fevereiro, a moradora afirma que entrou em uma floricultura para fugir de um suspeito. De acordo com ela, o homem a xingou depois que ela fugiu da abordagem. “O dono do lugar me disse para não olhar para trás e ficar lá até o homem sair”.

Além dos celulares, Priscila diz que correntinhas também são alvo do grupo. Por isso, ela procura não sair com nenhum objeto ou roupa de valor, que chame atenção.

Um homem, que trabalha na região e prefere não ter a identidade revelada, comenta que já viu alunos de escolas do bairro serem assaltados. Além dos adolescentes, ele cita que idosas também são alvo dos bandidos.

Ele afirma viaturas passam constantemente pelo Batel, mas que os criminosos esperam os policiais saírem para praticar os assaltos.

O que diz a Polícia Militar

Procurada, a Polícia Militar (PM) alega que atua e realiza policiamento preventivo e repressivo para combater a criminalidade na região, “seguindo o planejamento orientado por análises criminais, baseado em estatísticas e informações colhidas junto à própria comunidade, quando participativa.”

A PM também afirma que são realizadas operações de saturação nas áreas com maior incidência de delitos. “A PMPR reforça que é importante a participação da população através do telefone 190 ou do Aplicativo APP190 PR, sempre que notar a presença de pessoas em atitude suspeita e também para registro dos crimes para fins de estatística e aplicação das equipes policiais em locais críticos”, finaliza nota.

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