O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou, na manhã desta terça-feira (21), a segunda fase da Operação Riquixá, que apura fraude no transporte coletivo em licitações em cidades do Paraná. Na ação, 16 mandados de busca e apreensão e ainda dez de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento) foram cumpridos.
Em Curitiba, sete pessoas foram ouvidas. Já na região metropolitana, uma pessoa foi ouvida em Campo Largo e outras duas em Guarapuava. Entre os alvos das buscas, estão um escritório de advocacia, sete empresas e nove casas. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) não divulgou nem nomes e nem endereços dos investigados e lugares alvos dos mandados.
A reportagem da Tribuna do Paraná apurou que algumas das empresas que passaram por buscas foram as da família Gulin. Um dos donos, Donato Gulin, dono da empresa que comanda quase 70% das linhas do transporte coletivo de Curitiba – segundo a CPI do Transporte da Câmara de Vereadores de Curitiba –, foi visto logo pela manhã na sede do Gaeco na capital. Não foi informado se o empresário seria ouvido ou se foram apenas os mandados de busca e apreensão nos patrimônios.
Além de Donato, Dante José Gulin também esteve no Gaeco. Os promotores não quiseram contar se os empresários foram ou não alvos de mandados de condução coercitiva. De acordo com o promotor Victor Hugo Honesko, as investigações são de Guarapuava, mas foram feitas buscas e oitivas em Curitiba também porque um grupo de empresários que participa das licitações em várias cidades tem sede na capital. “Como estamos em fase investigatória, posso antecipar que membros do grupo Gulin foram denunciados já, em Guarapuava, da fraude de licitação de 2009. Outros fatos ainda estamos iniciando as investigações agora”, explicou o promotor Victor Hugo Honesko.
Gente grande
Em julho do ano passado, as 22 pessoas investigadas na primeira fase da operação foram denunciadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). Entre os denunciados estava o ex-prefeito de Guarapuava, Luiz Fernando Ribas Carli, além de donos – um deles da família Gulin – da concessionária que comanda o transporte coletivo em Guarapuava, a Pérola do Oeste.
As investigações começaram em 2013 e indicam que as ações aconteciam desde 2009. Integrantes de uma empresa de engenharia especializada em transporte coletivo, advogados e representantes de empresas de ônibus formaram um grupo criminoso. Os investigados usava “laranjas” e outros artifícios para ocultar a existência do grupo.
Os investigados teriam remunerado, ilicitamente e com dinheiro público, a organização das fraudes de concorrência. Segundo o Gaeco, eles contratavam componentes do grupo para fazer assessorias simuladas ou substituir comissões de licitação.