A construção de um condomínio residencial no bairro São Bento, em Uberaba, em Minas Gerais, possibilitou a descoberta de um tesouro paleontológico: fósseis de animais pré-históricos que habitaram a região há 80 milhões de anos, incluindo
Os ossos estão sendo retirados por meio de acordo entre a construtora responsável pela obra e o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CCCP-UFTM). O objetivo é preservar o patrimônio histórico resgatando o material encontrado para análises.
Pesquisadores acompanham as escavações. A ideia é expor os fósseis no Museu dos Dinossauros, no sítio arqueológico de Peirópolis, em Uberaba. Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) já confirmaram o potencial da área onde a obra é erguida.
O acordo para realização do trabalho de pesquisa no terreno envolveu o Ministério Público, acionado para evitar um novo problema. Isso porque, há dois anos, pesquisadores foram proibidos de trabalhar em outra obra na região – a construção de um shopping. Eles acreditam ter perdido materiais históricos importantes. Dessa vez, porém, houve reunião com o empreendedor, que não criou impedimentos.
Segundo o paleontólogo Thiago Marinho, foram achados principalmente fragmentos de titanossauros, além de restos de tartarugas. Foto: L.Adolfo/UFTM/Divulgação |
Segundo o paleontólogo Thiago Marinho, foram achados principalmente fragmentos de titanossauros, além de restos de tartarugas. Pesquisas indicam que há rochas ricas em fósseis na malha urbana de Uberaba, com grande diversidade biológica, que inclui vários répteis pré-históricos. De acordo com estudos, rochas desse tipo compõem o terreno do empreendimento. Mas especialistas temem que, sem o acompanhamento técnico das escavações, o patrimônio paleontológico possa ser prejudicado. Por isso, o trabalho dos pesquisadores no local é contínuo.
Para Marinho, o acordo com o empreendedor pode representar uma mudança de mentalidade, com a conscientização das empresas de que os achados paleontológicos não causam prejuízo. “Eles promovem o resgate do patrimônio do município e da União”, afirma.
A expectativa é de que, no futuro, os novos empreendimentos em Uberaba passem por uma vistoria prévia. Uma nota técnica emitida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral já prevê o mapeamento paleontológico dessa área da cidade, com o objetivo de preservar os sítios pré-históricos.
Animal
O fêmur encontrado nas escavações do residencial pertencia a um titanossauro que viveu há cerca de 80 milhões de anos na região. Esse tipo de dinossauro está entre os maiores do Brasil. Media cerca de 20 metros de comprimento e 3,5 metros de altura e pesava entre 12 e 16 toneladas.
O fêmur encontrado nas escavações do residencial pertencia a um titanossauro que viveu há cerca de 80 milhões de anos na região. Foto: L.Adolfo/UFTM/Divulgação |
No sítio arqueo,lógico de Peirópolis, na zona rural de Uberaba, foi descoberto há alguns anos aquele que é tido como o maior dinossauro já descrito no Brasil, o Uberabatitan ribeiroi. A espécie foi reconstituída digitalmente a partir do estudo de dezenas de fósseis encontrados no local. Foram dois anos de trabalho que revelaram como seria sua vida na região. O estudo mostra que esses animais enfrentaram condições ambientais extremas.
Em Uberaba também teriam vivido outros titanossauros de menor porte, crocodilos, anfíbios, lagartos, peixes, tartarugas, invertebrados e até mesmo dinossauros carnívoros, como os abelissauros.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.