O verão é a época do ano que mosquitos, pernilongos, baratas, mosca, formigas e roedores costumam aparecer com mais frequência na casa das pessoas. O primeiro contato nem sempre é agradável, pois grande parte das pessoas não tem o costume de encontrar um sapo perto da poltrona na residência da praia, por exemplo.
No calor, é comum também percebemos (e nos incomodarmos) com o aumento de pernilongos “cantando” em nossos ouvidos de noite. Além de incomodarem com o zunido, coceira e manchinhas vermelhas causadas pelas picadas, esses mosquitos podem ser transmissores de doenças como a dengue, zica e chikungunya. No verão, com o aumento da temperatura é comum que também os escorpiões, baratas e moscas saiam de seus abrigos para se reproduzirem em outros ninhos. Com essa aproximação com os humanos, acidentes costumam ocorrer no período. Mas o que fazer quando estes bichos aparecem em casa?
Um estudo chamado Tendência temporal e perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil, 2007-2019, publicado na Epidemiologia e Serviços de Saúde, foi realizado por um grupo de seis pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC) e um da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa teve como objetivo analisar a tendência temporal de acidentes causados por animais peçonhentos no Brasil de 2007 a 2019.
Os dados da série histórica de 12 anos registram a notificação de cerca de 2 milhões de acidentes com animais peçonhentos, uma média em torno de 75 mil casos/ano. Os escorpiões foram os maiores causadores (51,2%), seguidos pelas cobras (17,4%) e aranhas (17,3%), totalizando 86% dos casos. E um alerta aos pais: as crianças foram as principais vítimas de acidentes com abelhas e com lagartas.
Outra fonte importante de observação é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Em 2022 foram registrados 15.980 acidentes por animais peçonhentos no Paraná. Informações preliminares apontam 20.202 acidentes no ano de 2023, um aumento de 26%. Entre os meses de dezembro de 2022 e março de 2023, na última temporada de verão, foram registrados 8.066 acidentes, o que representa 40% dos casos do total de notificações. Desse, 46% foram causados por aranhas, seguidos pelos acidentes com escorpiões (26%), abelhas (12%) e serpentes (5%).
Segundo Valquiria Roberta do Rocio Sousa, bióloga, mestranda da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o aparecimento destas visitas inesperadas é comum nessa época.
“Aumenta o metabolismo de todos eles no verão e muitos casos só percebemos quando estamos em uma casa na praia que ficou boa parte do ano fechada. Os bichos ficam escondidos de possíveis predadores, e quando se faz a limpeza, eles aparecem. Além disso, aumenta a oferta de alimentos para eles, entulhos no lado de fora, e aí tem aquele susto quando encontramos um sapo ou mesmo a lagartixa que é um predador de muitos insetos”, disse Valquíria.
Aranhas Marrons e Formigas
Terror dos curitibanos, as aranhas-marrons também curtem o verão. Em 2020, com a pandemia da covid-19 e maior tempo de permanência das pessoas em casa, Curitiba registrou o menor número de acidentes com aranha-marrom da série histórica: 472 casos. Em 2023, de janeiro a novembro, foram registrados 708 casos de acidentes. Em si, a aranha marrom não é agressiva, geralmente ela pica quando é comprimida contra o corpo, quando a pessoa coloca uma roupa ou um sapato sem uso há muito tempo e onde o animal se alojou. “Elas se escondem devido a chuva. A diferença das aranhas em relação aos outros é que ela gosta de ambiente limpo”, comentou a bióloga.
Já as formigas, aparecem em grupos no verão. Uma cena comum é encontrar uma trilha delas passeando de um lado para outro dentro de casa. Elas costumam fazer filas nos cantos, próximas a rodapés e paredes, para diminuir as chances de serem vistas por predadores. A formiga com asa também é outra espécie que é mais vista durante o verão, época de reprodução. “Tem mais alimento para ela, e às vezes, elas estão saindo para procurar outro lugar para ficar e percebemos elas aos montes”, reforçou Valquíria.
Como limpar a casa para evitar insetos?
Existe alguns truques caseiros ajudam a eliminar os bichinhos, mas o importante é manter a limpeza nos ambientes. Não deixe doces abertos, restos de comida no chão ou nas superfícies, e louça suja podem atrair as formigas. “Uma boa dica é o limão cortado com cravo, um ótimo repelente contra mosquitos, a citronela repele borrachudos, mosquitos e formigas. Além disso, existem produtos baratos que podem ser comprados em lojas agropecuárias que são eficientes”, completou a bióloga.
Fui picado, e agora?
No caso de picadas ou contato com animais peçonhentos, a vítima deve procurar atendimento em uma Unidade de Saúde mais próxima imediatamente. Se possível, levar uma foto do animal causador do acidente.
Uma orientação é evitar procedimentos caseiros, como cortar a área do ferimento ou sugá-la. Caso venha a procurar ajuda, a referência para atendimento de acidentes por animais peçonhentos no Paraná é o Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná (Ciatox-PR), no telefone 0800 410 148.
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