A situação dos moradores de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, está cada vez mais difícil com a falta de água: nesta segunda-feira (25) são nove dias sem abastecimento. A dificuldade é tamanha, que os moradores estão tendo que contar com a solidariedade de um parque aquático que está doando água à população.
Para tentar ter o mínimo de água para higiene pessoal, os moradores são obrigados a encarar filas enormes que vão até de noite em plena pandemia de covid-19, quando as aglomerações devem ser evitadas. A irritação da população nas filas das caixas d’água instaladas em 15 pontos da cidade também já vem causando brigas.
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Isso fora a pouca água que chega às torneiras das residências com forte cheiro de combustível. Além da pior estiagem na região nos últimos 23 anos, um crime ambiental piorou a situação do município: a tentativa de furto de combustível em um oleoduto no dia 15 de maio poluiu o Rio Despique, que fica em São José dos Pinhais mas abastece Fazenda Rio Grande.
“Se você tivesse visto domingo, ia ficar abismado com o que estava acontecendo. Nos outros locais eu não sei, mas teve fila aqui perto o dia inteiro até quase umas 9 horas da noite”, conta a moradora do bairro Gralha Azul, Ana Paula Moura, de 38 anos.
A dona de casa, que mora com o marido e dois filhos, passou a semana passada inteira sem água. Recém-operada dos olhos, Ana Paula precisa esperar o marido chegar do trabalho para não fazer esforços ao buscar água. “Ontem a tarde [domingo], a Sanepar disse que ia liberar o abastecimento pelo menos para encher a nossa caixa d’água. O que deu para mim e para meu marido tomar banho. Agora, só Deus sabe como vai ser”, desabafa.
Qualidade da água
Além das aglomerações nas filas, situação totalmente inadequada durante a pandemia do coronavírus, os moradores também reclamam da qualidade da água que chega nas torneiras – quando chega. Nas redes sociais, pessoas de vários bairros de Fazenda Rio Grande notaram um cheiro e um gosto diferente, parecido com combustível.
A suposta contaminação com combustível é reforçada depois do rompimento criminoso de um oleoduto da Transpetro em em São José dos Pinhais. O vazamento afetou a captação de água no Rio Despique, que abastece a região de Fazenda Rio Grande.
“A gente toma água da torneira e esses dias meu marido passou mal, depois minha filha e eu. Eu me curei domingo, inclusive. Cheiro a gente não está sentindo tão forte, mas não está dando para tomar água”, comenta a diarista Gislaine Ferreira Carvalho, moradora do bairro Estados.
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Com a dificuldade de não conseguir trabalhar, a diarista agora precisa arcar com mais um gasto: a compra de água mineral. “Uma coisa que teria que ser cedido pelo estado, então isso já dificulta bastante. Como a gente está passando mal e não está fazendo nada de diferente em relação a comida, é a água sim”, reitera Gislaine.
O que a Sanepar diz
A Sanepar informa que o abastecimento em Fazenda Rio Grande está em processo de normalização ao longo desta segunda-feira (25). Para amenizar a situação, a Sanepar colocou em operação na última terça-feira (19), uma captação emergencial de água em São José dos Pinhais, que aumenta em 60 litros por segundo a produção de água na estação Miringuava – que abastece a região de Fazenda Rio Grande.
A companhia disse ainda que tem injetado água com caminhões-pipa diretamente na rede de distribuição nas regiões mais altas de São José dos Pinhais para chegar em Fazenda Rio Grande. A Sanepar também está contratando mais duas transposições – do Rio Pequeno e do Rio Miringuava Mirim – que vão aduzir mais 300 litros/segundo no Miringuava. O prazo previsto é que essas duas novas captações comecem a funcionar em aproximadamente 45 dias.
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Com relação a possibilidade de presença de combustível na água, a Sanepar informou que realiza testes de qualidade da água durante 24 horas por dia e só distribui se a água estiver dentro dos critérios legais de potabilidade. No Despique, região onde houve vazamento de combustível, a companhia ampliou o número de testagem da água.
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