Risco em dezembro

Festas de fim de ano podem levar Curitiba à segunda onda de covid-19, avalia prefeitura

Exame de covid-19. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Quem acompanha os boletins epidemiológico do coronavírus da prefeitura de Curitiba já deve ter notado. Há mais ou menos duas semanas, os números de casos diários praticamente dobraram. Curitiba seguia com média de 350 casos diários e chegou quinta-feira (12) a 703 novas infecções. Os casos graves não apresentaram alta significativa, assim como o número de óbitos, o que revela que o perfil de quem está se contaminando agora mudou: são jovens que adquirem a forma leve de covid-19 e se recuperam em casa. 

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O aumento dos casos dos últimos dias, de acordo com o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, o médico Alcides Oliveira, está associado ao reflexo do feriado de Finados no início do mês. Além disso, as pessoas estão transitando mais: viajando, visitando amigos e familiares. No entanto, segundo o diretor de epidemiologia, descuido na prevenção agora pode gerar a abertura de uma segunda onda de casos de coronavírus já no mês de dezembro, justamente no período de festas de fim de ano. “A cidade tem que lembrar de que a covid não foi embora. Continua circulando em todos os bairros da cidade”, enfatiza Oliveira.

Confira a seguir as respostas do diretor Alcides Oliveira sobre as principais dúvidas a respeito da pandemia em Curitiba:

Segunda onda em dezembro

Assim como o pequeno feriado de Finados no dia 2 de novembro levou a um aumento considerável no número de casos, os dias que antecedem o Natal e Ano Novo em dezembro podem criar uma segunda onda de infecções de covid-19 em Curitiba, segundo o diretor do Centro de Epidemiologia de Curitiba, Alcides Oliveira. “As pessoas naturalmente vão se cansando das restrições, que preservam vidas. Temos que ter paciência. Já temos um aumento significativo de casos nos EUA e Europa. Acredito que não vamos ficar imunes a uma segunda onda”, revela.

Para Alcides, o município deve tomar medidas de segurança conforme o cenário for se desenhando na cidade. Por isso, a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde é antecipar as compras de Natal. “Não deixe para comprar presentes próximo da véspera. Viagens, só as mais perto possível do núcleo familiar. O momento não é para isso. O risco de uma nova onda vai depender da dinâmica das pessoas, do respeito aos protocolos sanitários. Se as pessoas não respeitarem, poderá acontecer uma segunda onda em dezembro”, alerta Oliveira.

O aumento de casos também podem aumentar no verão, e se acentuar no Carnaval, caso as pessoas ignorem as medidas de prevenção.

Bandeira amarela deve continuar

Segundo o diretor de epidemiologia, se o cálculo da bandeira fosse feito nesta quinta-feira (12), ainda estaríamos em alerta amarelo, mesmo com o aumento de casos de coronavírus. Isso porque a avaliação engloba nove indicadores, entre eles transmissão da doença, casos, óbitos, proporcionalidade em relação a população, leitos livres em UTI e enfermarias.

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“Esse aumento no número de casos acumula no decorrer dos meses, mas os internamentos não têm ocorrido de forma expressiva”, explica o médico.

Por enquanto, na avaliação feita dos indicadores, Curitiba deve continuar em bandeira amarela mesmo depois do período eleitoral. Os dados analisados semanalmente seguem uma tendência de estabilização por enquanto. 

“Viemos regredindo gradativamente. Houve uma subida essa semana. No momento, a cidade vem se mantendo de uma forma harmônica e com isso a gente vai acompanhando. Não tenha dúvida que qualquer oscilação, podemos mudar”, enfatiza o diretor. 

Transmissão entre jovens

O aumento de casos das últimas semanas tem sido justificado como reflexo do feriado prolongado do início do mês. No entanto, houve também uma mudança no perfil de quem está se contaminando: agora, a maioria dos pacientes são os jovens.

“Infelizmente, o descuido das medidas de prevenção aumentaram a transmissão da doença. Estamos monitorando o tempo inteiro a dinâmica de movimentação dos jovens. Eles fazem a doença de forma leve e quando voltam para casa, passam a doença para seus familiares, idosos, pais, avós. Isso pode causar repercussões maiores”, revela Oliveira. 

Para evitar que a covid-19 atinja o público mais vulnerável, como pessoas com doenças crônicas e idosos, a prefeitura vem monitorando todos os casos leves. “Nosso monitoramento aumentou muito em cima do público jovem. Não houve impacto no atendimento do serviço de saúde, não houve aumento no internamento dos casos. Os jovens normalmente se recuperam no isolamento social. A cidade, no entanto, tem que lembrar de que a covid não foi embora. Continua circulando em todos os bairros da cidade”, explica.

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O médico do Centro de Epidemiologia salienta também que todos os quadros respiratórios estão sendo tratados como suspeita de coronavírus. “Estamos testando mais, sem dúvida. São testagens do tipo RT-PCR, para caracterizar a fase ativa da doença. Testamos mais, notificando também mais casos detectáveis”, diz Oliveira. 

Risco de contágio nas eleições

Neste próximo domingo acontece o primeiro turno da eleição para eleger prefeito e vereadores. Em tempos de pandemia, é necessário todo cuidado. Segundo o diretor de epidemiologia, manter as medidas de segurança contra a covid-19 são imprescindíveis para que não haja um aumento no número de casos.

“Pedimos para que as pessoas, ao saírem para exercer seu direito ao voto, mantenham as medidas de precaução. O risco existe em qualquer momento, em qualquer dia. Se todo o eleitor sair utilizando máscaras, evitando aglomeração, os riscos sem dúvida serão bem menores”, enfatiza Oliveira.

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