A Feira do Largo da Ordem, tradicional endereço dominical dos curitibanos e turistas, será oficialmente reconhecida como patrimônio da cidade. No último dia 26 de abril, os membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (CMPC) aprovaram por unanimidade o registro da “feirinha” como patrimônio imaterial de Curitiba destacando seu importante papel para o turismo e o lazer de Curitiba.
“Temos a produção econômica, a manutenção da cultura e a produção de saberes unificados de maneira bastante sinergética ali na feira. Este conjunto de conceitos constitui e dá ao espaço o caráter de ser preservado”, explica Denis Denilto Laurindo, professor de filosofia e representante do Conselho Municipal de Política Étnico-Racial (Comper) no CMPC, responsável pela relatoria do processo de registro da Feira de Artes e Artesanato do Largo da Ordem, como é batizada.
O processo que solicitava a inclusão da feira como bem cultural imaterial da cidade (a “carne de onça”, por exemplo, já detém este título) foi protocolado em novembro passado pela vereadora Julieta Reis (DEM), que também é membro do Conselho de Patrimônio Cultural. “Achei por bem fazer este pedido para que a feira, que é o maior ponto de encontro da cidade nas manhãs de domingo, permaneça viva e preservada como patrimônio do lugar e saberes curitibanos”, explica.
O trâmite para a oficialização do registro da Feira do Largo como bem imaterial deverá ser finalizado em cerca de seis meses, pois envolve uma série de etapas, como explica Hugo Moura Tavares, secretário executivo do CMPC. Entre elas estão a realização de entrevistas com os feirantes, registro fotográfico e em vídeo e o próprio resgate histórico da feira. “A partir da aprovação pelo conselho a feira já passa a ser considerada patrimônio. Agora [se seguirão apenas] os trâmites burocráticos”, explica Tavares.
Registro
Diferentemente do que ocorre com o patrimônio edificado, como as construções históricas tombadas, o registro de um bem imaterial é revisto a cada de dez anos e depende de uma convergência de fatores. No caso da Feira do Largo, o fato de ela ser realizada periodicamente, com a mesma finalidade e no mesmo local desde o início dos anos 1970 – caso ela mudasse de endereço, por exemplo, tal registro perderia sua efetividade.
“No patrimônio edificado, quando o tombamento é aprovado se faz uma série de restrições com relação ao uso, venda, reforma ou intervenções no bem. O patrimônio imaterial não tem esse caráter tão rígido. Ele é um reconhecimento público, uma espécie de selo que declara publicamente a importância daquela manifestação. E é claro que, declarada este importância, o poder público passa a ter um olhar ainda mais cuidadoso em relação ao bem”, explica Tavares. “No caso da Feira do Largo da Ordem, estamos dizendo para o mundo que ela é importante e referência da nossa identidade, e como tal deve ser cuidada e preservada”, completa.
De cara nova
Depois de ser reconhecida como patrimônio da cidade, a “feirinha do Largo” deverá ganhar uma nova cara. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está desenvolvendo um sistema inédito de barracas que deverá atualizar as instalações e trazer mais conforto aos feirantes e visitantes.
O arquiteto do Ippuc José Novak está à frente do projeto e, em entrevista a HAUS no último mês de janeiro, adiantou que as instalações serão mais leves, com estrutura em aço galvanizado, e fáceis de armar. O destaque, no entanto, ficará por conta da cobertura retrátil que, além de proteger os feirantes e seus produtos do sol e da chuva, formará um corredor coberto nas vias por onde circulam os visitantes.
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