Entregas na porta de casa, pedidos por redes sociais e até o velho fiado são algumas das estratégias de alguns permissionários de feiras livres para manter a clientela cativa. Para atender aos clientes fiéis, os feirantes se cotizam para entregar a encomenda completa, de acordo com cada pedido. O serviço funciona como uma espécie de “feira delivery” e os consumidores antigos chegam a pagar pelo acumulado do mês, em cheques e, por vezes, até com cartão de crédito.
“O que tenho a oferecer é a qualidade de primeira e a condição de pagar como o cliente quer, com o conforto de receber a compra em casa”, afirma José Alceu Escorei, da Banca do Zé e da Bia, o primeiro feirante a adotar um trailer como banca. “O nosso diferencial é a qualidade das mercadorias, sem batidinhas, pescados sem espinho, camarão descascado. Cada banca sabe o que o cliente quer e o que espera, por isso tem que ter qualidade”, enfatiza Sérgio Massaiti Koga, que atua há 11 anos nas feiras livres com a venda de pescados e representa a segunda geração à frente do negócio que leva o sobrenome da família.
Os feirantes argumentam que a qualidade se dá pela escolha pessoal dos produtos nos pontos de atacado. “”Eu mesmo escolho, uma a uma, a mercadoria do produtor da região metropolitana. Muitos são de Colombo, mas pego também com produtores de Almirante Tamandaré, São José dos Pinhais e na Ceasa”, conta Ricardo Miquilussi, que comercializa hortifrutis e é um dos feirantes que mantêm parceria com o trailer de pescados do Koga.
Entregas
Os feirantes que atuam com entregas em domicílio atendem, normalmente, os clientes fixos próximos de cada feira, na maioria das vezes, sem cobrar pelo serviço. Escorei diz que possui pelo menos dez fregueses de entrega somente na feira de terça-feira, instalada na Rua Nunes Machado, e outros dez em outros pontos de feira. “Tenho cliente antigo que entrego toda semana, envio a maquininha de cartão, se não passa, deixo marcado para pagar na próxima semana ou até em 20 ou 30 dias”.
Ele conta que o volume de entrega corresponde a 20% – aproximadamente 200 quilos de produtos – do que comercializa mensalmente. Um sobrinhon de Escorei é o responsável pelas entregas, mas algumas vezes é ele próprio faz o serviço. Porém, é necessário que o cliente more próximo e faça uma compra superior a R$ 70 reais para que não seja cobrado frete. Além do sobrinho, o feirante mantém um carro personalizado como disk entrega para atender clientes mais distantes. Abaixo desse valor, a taxa de entrega é de R$ 10.
O mesmo critério é adotado por Koga e Miquilussi. Para compensar a entrega de pescados, que exige cuidados especiais, Koga e Miquilussi consideram o valor de R$ 100,00 a R$ 150,00 para oferecer como cortesia. Um cliente dele, que mora em Quatro Barras, faz os pedidos pelo celular e recebe tudo em casa. “Esse cliente mora em uma chácara, faz compras de frutas e pescados em quantidade. Os pedidos são feitos pelo Whatsapp”, informa Koga. Para valores menores de compras em bairros próximos de pontos de feiras, como Batel e Boa Vista, o preço da taxa de entrega fica em torno de R$ 25,00.
Os feirantes afirmam que esse não é o foco do negócio, mas pensam em encontrar um meio de baixar o custo de entrega. “Já pensei em estruturar um delivery, mas não sei até que ponto a gente consegue atender. Frutas e verduras requerem tempo para serem preparadas para o transporte. Acho que um ponto fixo é mais fácil de trabalho”, afirma Escorei. “Descobri uma empresa de faz entregas de bicicleta, estamos avaliando. Se der certo, podemos manter a parceria com outros feirantes”, analisa Koga.
Praticidade
Muitos clientes se beneficiam do conforto de receber suas compras em casa e fazer seus pedidos por telefone. A dona de casa Terezinha Machado de Melo é uma das freguesas semanais de Escorei, com quem compra frutas, verduras, legumes e ovos – que o feirante pega em outra, banca. Ela faz compras na Feira Livre do Ahú há mais de 20 anos e, nos últimos cinco, utiliza o serviço de entrega oferecido pela Banca do Zé e da Bia. “Muitas vezes tô cuidando das crianças ou estou sem carro, só ligo ou mando um Whats e o Zé traz todos os produtos, com qualidade.”
Terezinha mora nas imediações do Parque São Lourenço e está distante da Feira Livre do Ahú cerca de quatro quilômetros. Em tantos anos sendo atendida pelo feirante, ela diz que o serviço é de confiança e ajuda muito. “Se eu não estiver em casa, ele entrega para quem puder receber e sei que vai ser um produto de qualidade”, conclui a consumidora.
“Nosso objetivo é servir o cliente, que ele possa ir em um lugar e encontrar tudo que é oferecido na feira, como em um supermercado. Tem cliente que vem até a banca escolhe e pede para entregar, outros pedem por telefone. Se pedirem queijo, peixe, vou buscar nas outras bancas e faço a entrega”, explica Escorei. O serviço de entrega é mais uma vantagem das feiras livres, que oferecem qualidade, atendimento personalizado e a praticidade.
Evento
A Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal de Abastecimento, realiza o 1º Simpósio Nacional de Feiras Livres e Mercados Públicos. O evento será nesta quinta-feira (28) e sexta-feira (29), e é direcionado a gestores públicos, estudantes, técnicos da área, pesquisadores e permissionários. Durante o simpósio será lançado o selo de alimento de qualidade para os feirantes e permissionários de Curitiba. A solenidade está agendada para às 14h30, nesta quinta (28).