Diversos feirantes da tradicional feirinha do Largo da Ordem, em Curitiba, reclamam que tiveram prejuízos no último domingo (20). A obra de revitalização de calçadas na Rua Kellers, no São Francisco, que começou na semana anterior, prejudicou as vendas por causa da realocação de barracas na área em frente à Mesquita.
Os feirantes afirmam que a mudança de posições foi feita de forma intransigente pelo Instituto Municipal de Turismo (IMT) e, segundo os feirantes, causou desencontro com a clientela, pois quebrou a lógica de distribuição dos feirantes até os prolongamentos da Rua Kellers. Um abaixo-assinado será lançado pelo grupo daquele trecho para exigir uma solução.
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“Simplesmente, alguns não chegaram nem à metade das vendas planejadas. Já tínhamos nos reunido com o Turismo e acordado que a troca de posições seria para a Alameda Dr. Muricy e Avenida Jaime Reis. Essa sequência seria um espelho do que a gente tinha na Kellers, facilitando que o cliente nos encontrasse, mantendo a lógica. Mas, por volta das 17h45 da sexta-feira (19), o acordo foi quebrado e o Turismo mudou de ideia”, pontuou Fabiano Neras, representante dos feirantes daquele trecho.
Neras diz que a decisão, “aos 47 do segundo tempo”, não permitiu uma ampla divulgação para a mídia. “Os clientes simplesmente não enxergavam que tinham barracas mais pra frente. Não teve divulgação adequada. Um dia de feira perdido faz uma enorme diferença”, explicou.
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Os feirantes atribuem a decisão diretamente à Superintendência de Turismo do IMT, cargo ocupado por Paulo César Nauiack. “Não temos nada para falar contra o IMT, sempre nos trataram muito bem. Especificamente o superintendente atual chegou a ameaçar a cassação do nosso alvará discutindo em voz alta no meio da rua, se nós não concordássemos. A justificativa dada por ele para não irmos para a Jaime Reis foi de que a Setran não autorizou. Depois, fomos descobrir que ele não havia sequer conversado com a Setran. É um absurdo”, lamenta.
Um outro argumento levantado pelos feirantes do trecho da Kellers é de que todos se conhecem há anos e a proximidade das barraquinhas permite que um cuide do outro. “Sim. Há uma confiança entre nós construída há anos. Quando alguém precisa se ausentar da barraca, por exemplo, o vizinho cuida para que nada de mal aconteça, até a pessoa retornar. Fica muito difícil trabalhar se resolverem nos separar de vez por tantos meses”, reforça Fabiano Neras.
Abaixo-assinado
Após o registro de prejuízos, segundo os feirantes, um abaixo-assinado deve começar a correr pela feirinha do Largo da Ordem no próximo domingo (27), entre todas as barracas. O objetivo, segundo texto proposto, é solicitar ao prefeito Rafael Greca (DEM) a retirada do superintendente de Turismo do cargo. O argumento é de que Paulo César Nauiack ameaçou a cassação de alvarás dos feirantes e “está prejudicando diretamente a feira, principalmente na parte financeira”, informa parte do texto postado em um grupo de mensagens.
E aí, prefeitura?
No site da prefeitura, no sábado (19) foi publicada a informação da mudança de posições da Rua Kellers. Como publicou a prefeitura, os quiosques passaram a ocupar “a Rua Trajano Reis até a Treze de Maio e o trecho da Rua Muricy até a Rua Almirante Barroso, que será reconfigurado e passará a ter quatro fileiras de barracas. Assim, os visitantes terão dois corredores de circulação. Na Rua Ermelino de Leão, serão duas fileiras de barracas”, diz o texto do site.
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A mudança, ainda segundo o site, foi feita “por conta de obras de melhoria, requalificação e expansão das calçadas do trecho, que fazem parte do programa Caminhar Melhor da Prefeitura de Curitiba. A nova configuração é temporária e deve durar cerca de 4 meses, período previsto para a conclusão da revitalização na via”.
O mesmo texto, informa a assessoria de imprensa da prefeitura, fora publicado alguns dias antes, portanto, sem ser “em cima da hora”.
Procurada pela reportagem na quarta-feira (23), a prefeitura informou que vai se pronunciar em breve com novas informações sobre o tema.