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Feirantes de Curitiba reprovam novo modelo de barracas. “Vão enfiar goela abaixo?”

Polêmicas, protótipos de novas barraquinhas para as feirinhas de Curitiba não foram aprovadas pelos feirantes que procuraram a Tribuna.
Polêmicas, protótipos de novas barraquinhas para as feirinhas de Curitiba não foram aprovadas pelos feirantes que procuraram a Tribuna. Foto: Reprodução/Ippuc.

O novo modelo de barraquinhas da Feirinha do Largo da Ordem, em Curitiba, não agradou feirantes que estiveram na Secretaria Municipal de Turismo nesta quarta-feira (16), onde a barraca foi apresentada. Em conversa com a Tribuna, dois deles disseram que foi a primeira vez que os protótipos foram vistos pessoalmente, com amostra de montagem e detalhamentos de uso. Houve reclamação – inclusive em grupos de mensagens – de que o projeto foi feito e aprovado pela prefeitura sem que os feirantes pudessem dar opinião sobre tamanho das barracas, estilo de amarração de lonas para proteção de sol e chuva e adequação de espaços internos como prateleiras. Antes, segundo os feirantes, o novo modelo tinha sido apresentado apenas por fotos.

Foi em outubro do ano passado que a prefeitura informou que o prefeito Rafael Greca (DEM) havia aprovado o protótipo apresentado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Na época, a proposta era a da substituição das estruturas atuais, que, segundo a prefeitura, já estariam desgastadas e sem oferecer segurança aos feirantes.

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“As novas barracas aliam a sua utilidade à beleza. São exemplos de design curitibano. A partir do aniversário de 329 anos de Curitiba, em 2022, farão parte da nossa identidade cultural”, afirmou Greca em outubro de 2021.

Já o discurso dos feirantes que falaram com a Tribuna é outro. Conforme a reclamação deles, a expressão “enfiar goela abaixo” começou a assombrar os seus pensamentos.

“Nos mostraram a nova barraca por fotos, depois fizeram uma reunião online com microfone fechado pra nós, só com contato por mensagem de texto, e, agora levaram a barraquinha pro Turismo, pra gente ver. Não fomos consultados sobre o modelo, mas somos nós que vamos usar. Quer dizer que seremos obrigados a aceitar isso?”, indagou um dos feirantes, que trabalha na Feirinha do Largo há 14 anos.

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O feirante também estava indignado porque ninguém, segundo ele, podia falar na reunião. “Algo que para gente simples, como nós, é inaceitável. O que a gente sabe fazer pra se defender é falar. Aí, cortam nossos microfones. É quase que uma repressão pra enfiar essas barracas goela abaixo. E é o que provavelmente vai acontecer”, desabafou.

“Fico imaginando se, por acaso, algum feirante teria coragem de aprovar uma barraquinha como essa. Além de pequena para caber os nossos produtos, disseram que a gente pode pegar as barracas e reformar. Como assim? Tem que contratar um serralheiro? Tem que carregar a barraca no carro. A gente costuma ter montadores na Feirinha do Largo. No carro, eu carrego meus produtos”, reclamou o outro feirante, também com experiência de longos anos no Largo.

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As reclamações em grupos de mensagens mostravam vídeos de fotos com a apresentação da barraquinha nesta quarta-feira. “Foram tantas perguntas na hora que nem a pessoa que estava apresentando as barracas sabia responder. Por exemplo, onde fica a trava para manter a lona traseira aberta, enrolada. Pelo que vimos, não tem nem como fazer isso”, apontou o mesmo feirante.

Os dois feirantes que falaram com a Tribuna preferiram não se identificar com receio de se indispor com a administração da Feirinha do Largo.

Nova barraquinha

Em outubro de 2021, a prefeitura explicou que as novas barracas contam com estrutura com sistema retrátil de montagem e desmontagem e cobertura para proteger os feirantes e clientes do sol e da chuva. Segundo a administração, a armação é em aço galvanizado, com aparadores em madeira certificada e tem lonas em laminado em PVC flexível colorido, reforçado com tecido de poliéster de alta tenacidade, na cobertura e nas laterais. As medidas são de  4 m² de área útil, com a cobertura 2×3, para abrigar do sol e da chuva.

“Duas pessoas conseguem montar a barraca, em cerca de dois minutos. Ela foi projetada para garantir mais conforto aos feirantes e clientes e praticidade na montagem, no transporte e no armazenamento”, explicou na época o arquiteto do setor de Projetos do Ippuc, João Guilherme Dunin, autor do projeto.

O Instituto Municipal do Turismo informou, lá em outubro do ano passado, que a estimativa era fazer de 1.300 a 1.400 barracas para atender aos feirantes do Largo, custeadas com recursos do Tesouro Municipal.

E aí, prefeitura de Curitiba?

De acordo com a prefeitura de Curitiba, as barracas ainda não foram implantadas na feira, e não se tem data definida para essa mudança. Além disso, não houve uma apresentação oficial para os artesãos e que as barracas foram desenvolvidas pelo Ippuc com aprovação do prefeito Rafael Greca. Sobre a reclamação sobre a não consulta aos feirantes, a prefeitura disse que não houve uma reclamação formal direta com a administração municipal.

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