Polêmica

Famoso painel “Jack Bobão” é apagado após multa por exposição irregular

antes e depois do painel de Arte Urbana em Curitiba, ao lado do Teatro Guaíra. Foto: Jonathan Campos e Gerson Klaina

Uma das artes urbanas mais conhecidas de Curitiba foi apagada nesta quinta-feira (10). O painel “Jack Bobão” pintado na lateral do edifício Inter Walter Sprengel, na Rua XV de Novembro, 964, bem ao lado do Teatro Guaíra, mostrava o ator Jack Nicholson na pele de Jack Torrence, personagem principal do filme O Iluminado, de Stanley Kucrich, baseado na obra do mestre do terror Stephen King.

Junto da imagem do personagem havia a frase “Só trabalho sem diversão faz do Jack um bobão”. As cores vivas, a frase jocosa e a imagem impactante do atormentado Jack Torrence chamavam a atenção de quem passava pelo local há quase dez anos. A obra fez parte do projeto Motion Layers e foi produzida em 2013 por Eduardo Melo. Ali perto há outro painel, com a figura do músico Ray Charles, que completa o projeto idealizado pelo artista Celestino Dimas.

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O problema é, e ninguém sabia disso, que há muitos anos a Prefeitura de Curitiba, por intermédio da Secretaria de Urbanismo, fazia seu papel de fiscalizar e multar a os administradores do edifício pela exposição irregular da obra. “Foi pintado em 2013 e todo mundo gostava, inclusive o pessoal aqui do prédio. Mas todos os anos a prefeitura vem nos notificar com multas e mandando a gente tirar”, contou o síndico Moacir Stelzner à Tribuna.

Só neste ano, segundo ele, foram duas tentativas. Em fevereiro uma multa de R$ 1300 foi aplicada e já em abril uma nova fiscalização tentou aplicar nova multa. “Aí não aguentamos mais. Todos os anos a gente conseguia negociar, conversava com o secretário ou alguém da prefeitura, e dava um jeito. Desse ano tivemos que pagar e quando quiseram cobrar de volta, decidimos parar com isso”.

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A decisão foi doída, mas tomada pela maioria dos condôminos. “Foi feita uma reunião e decidimos contratar uma empresa para pintar. Terminamos o serviço hoje. É uma pena. Até o rapaz que vinha trazer as notificações dizia que adorava a pintura, mas que era obrigado a vir aqui”, lamentou Moacir.

A outra obra, que retrata o músico Ray Charles, foi parcialmente encoberta recentemente pela construção de um pavimento de estacionamento em imóvel que fica ao lado do edifício.

A Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Urbanismo para saber sobre as multas e a regulamentação do uso do espaço. De acordo com a Lei 8471/94 e o decreto 402/14 a confecção do painel artístico exige alvará da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU). No caso específico, foi feita fiscalização e o proprietário do imóvel foi notificado, já que a SMU não foi consultada e não licenciou a confecção do painel.

A notificação previa que o proprietário providenciasse o documento. Como a medida não foi tomada, foi emitida a multa. A SMU não determinou a pintura da parede, que foi uma decisão do proprietário.

Fachada do prédio, já sem a arte apagada. Foto: Gerson Klaina.
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