Curitiba vai resgatar os personagens da Família Folha para aumentar a consciência da população sobre a separação do lixo e alcançar a meta de 30% de reciclagem de todos os resíduos até 2024.
A prefeitura lança no aniversário de 329 anos da capital, em 29 de março, campanha para reforçar a necessidade do reaproveitamento de papel, plástico, metal e outros materiais recicláveis. E a Família Folha, criada na gestão do então prefeito Jaime Lerner para alavancar a criação do programa Lixo que não é Lixo em 1989, será a estrela da campanha. Os personagens, inclusive, terão os traços atualizados pelo cartunista Ziraldo, criador do Menino Maluquinho e da Turma do Pererê.
+ Leia mais: UPA Boqueirão volta com atendimento exclusivo de emergências na segunda-feira
“Os curitibinhas serão sensibilizados com a volta da Família Folha. Estamos trabalhando com meu amigo Ziraldo para dar uma novo desenho nas Folhinhas de 2022”, anunciou o prefeito Rafael Greca em vídeo enviado à Câmara Municipal na abertura dos trabalhos legislativos no início de fevereiro. “Vão ser as Folhinhas da Independência, para dar aos curitibinhas e aos brasileirinhos a noção de que sem meio ambiente sustentável não existe futuro”, completou o prefeito na audiência, referindo-se aos 200 anos de independência do Brasil a serem comemorados neste ano.
A meta da prefeitura é aumentar o percentual de material encaminhado para reciclagem de 22,5% para 30% de toda a produção de resíduos na cidade até 2024, último ano do mandato de Greca. A capital encaminha perto de 39 mil toneladas de lixo por mês ao aterro sanitário. Portanto, a meta é elevar o material reciclado das atuais 8,7 mil toneladas mensais para 9,7 mil toneladas por mês.
“Cerca de 25% do que chega ao aterro sanitário hoje é material que poderia ser encaminhado para reciclagem. Curitiba tem um bom índice de reaproveitamento de resíduos. Mas com mais engajamento podemos melhorar ainda mais”, confia o diretor de Limpeza Pública da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), Edelcio Marques dos Reis, sobre o impacto que a nova campanha terá entre os curitibanos.
+ Viu esta? Moradores de Curitiba e região reclamam da cor da água fornecida pela Sanepar
Além da campanha de conscientização com a Família Folha, a prefeitura deve também anunciar no fim do mês novas ações para incentivar a reciclagem do lixo. Uma delas, que Greca citou na audiência com os vereadores, é a expansão da troca de material reciclado.
Empregos da reciclagem
Segundo o diretor da Limpeza Pública de Curitiba, o momento é propício para incentivar a separação do material reciclável não só pela questão ambiental, aumentando o prazo de validade dos aterros sanitários. Reis cita também a questão social, já que muita gente passou a recolher materiais recicláveis para reforçar a renda familiar com o desemprego em massa criado pela pandemia.
“Agora o momento está bom para a reciclagem, porque o papel e a lata estão com preço bom no mercado. Isso aliado ao desemprego que enfrentamos no momento torna o cenário mais interessante para gerar renda”, aponta o diretor da Limpeza Pública.
+ Veja esta: Paraná completa dois anos dos primeiros casos de covid-19 neste sábado
Para tentar aproveitar essa onda favorável, o vereador Tico Kuzma (Pros) está coletando informações com empresas e recicladores informais para formatar projetos de lei que incentivem a reciclagem com geração de empregos em Curitiba. Semana passada, o vereador, que é presidente da Câmara, acompanhou em uma manhã a coleta de lixo comum nos bairros Portão, Santa Quitéria, Seminário e Campina do Siqueira.
“De 170 kg de lixo que encaminhamos para a triagem, 21,5 kg eram materiais recicláveis que não deveriam ir para a coleta de lixo orgânico. Ou seja, de materiais que poderiam ser reaproveitados, preservando o meio ambiente e gerando renda. Estamos jogando dinheiro literalmente no lixo”, comenta Kuzma.
Segundo o vereador, uma das ideias para incentivar a expansão da reutilização de resíduos é analisar como o município pode ajudar as empresas recicladoras a atualizarem seus processos. “Há alguns tipos de materiais que as empresas daqui não conseguem reciclar, que exigem maquinário ou tratamento específico. Então podemos avaliar formas de ajudar nisso”, afirma o presidente da Câmara.