Foi sepultado nesta manhã (28) no Cemitério Água Verde, em Curitiba, o corpo de Carlos Rodrigo Moscaleski dos Reis, 31 anos, que morreu carbonizado quando estava amarrado à cama de um dos quartos do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, na madrugada de domingo.
A tia da vítima, Maria Glais dos Reis, pediu justiça. Ela tem certeza de que o caso é um homicídio, e não um acidente. “A lâmpada foi retirada do teto e apreendida pela polícia. Não teve nenhum curto circuito. Meu sobrinho se debateu tanto que chegou a ferir o rosto e travar os nervos do pescoço”, lamenta.
Segundo ela, ao contrário do que foi divulgado pela Delegacia de Homicídios, Carlos não era morador de rua nem usuário de drogas. Ele vivia em uma pensão paga pela família e recebia apoio dos tios e irmãos para o tratamento da esquizofrenia, constatada depois que ele perdeu a mãe, há mais de oito anos. O pai de Carlos também morreu, quando ele ainda tinha oito anos de idade.
O internamento no hospital foi feito no dia 20 de outubro. Carlos seria liberado na quarta-feira que antecedeu o crime, mas por um motivo que não foi esclarecido à família foi decidido que ele permaneceria internado por mais tempo. O tratamento, entretanto, não apresentou resultados.
“Até cachorro tem banho de ofurô para se tratar. Como ele foi internado pelo SUS, ficava dopado o tempo todo e sairia de lá dopado. Pobre não tem vez”, desabafa a tia. Ainda de acordo com ela, a unidade não tem um circuito interno de segurança para monitorar os pacientes que podem se tornar perigosos, já que tratam vícios e doenças psiquiátricas graves.
Suspeito
Todos os domingos Carlos era visitado pelos familiares. Ele nunca reclamou de funcionários ou outros pacientes, nem do tratamento que recebia. Ele apenas relatou descontentamento com o paciente com quem ele brigou um dia antes de morrer.
“Na sexta o cara encheu tanto o saco dele que ele reagiu. O Rodrigo era um homem grande, só um tapa que ele desse era capaz de derrubar. Só que o cara não se vingou na sexta para não dar na cara, esperou todo mundo dormir para atear fogo nele”, deduz Maria.
A família não recebeu nenhuma ligação do hospital informando sobre a morte. Quando Maria chegou para visitá-lo às 14h de domingo, como fazia todas as semanas, recebeu a notícia do médico e ficou revoltada. “Eles tinham todos os nossos telefones de contato e sabiam que sempre visitávamos ele. O Rodrigo nunca foi um indigente, nós sempre estivemos por perto”, afirma.