Olhando até mesmo nas latas de lixo, procurando por pistas e esperando encontrar uma explicação. Assim foi a manhã de sábado (23) da família da menina de um ano que teve o corpo furtado do Cemitério Municipal do Boqueirão, em Curitiba. A Polícia Civil está investigando, mas ainda nenhuma novidade foi descoberta.
A criança, que foi sepultada na tarde de quinta-feira (21), não chegou a completar um dia no túmulo. De acordo com a tia, Adriane Cristine de Souza, “uma testemunha disse que foi vista uma pessoa, entre 60 e 70 anos, com algo branco na mão saindo do cemitério”, contou.
Na rua em que o corpo da menina foi sepultado, o túmulo ainda estava aberto, com uma pequena coroa de flores em cima. “Como nós fomos avisados muito tarde pelo pessoal do cemitério, ontem não conseguimos entrar. Hoje avisamos a polícia que viríamos e um investigador veio com a gente”, explicou Adriane.
O policial, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), recolheu do local os lacres que fechavam o pequeno caixão da menina. “Mas o que nós temos de pistas até agora é só isso, nada mais. A polícia vai procurar por câmeras de segurança que tenham registrado alguma coisa, mas por enquanto continuamos atrás de informações”, detalhou a tia.
Investigações
Adriane contou que depois que soube do que aconteceu, começou a pesquisar e viu que a história é bem parecida com outros registros que aconteceram no mesmo cemitério. “Em alguns casos, o corpo da pessoa estava sepultado há alguns dias. No nosso caso, não ficou nem um dia. Desconfio que seja a mesma pessoa e é isso que a polícia tem que procurar, porque se não acharem, essa pessoa vai continuar”, desabafou.
Com o mistério em mãos, além de abalada, Adriane estava também revoltada. “É impossível que ninguém tenha visto e que a segurança desse cemitério seja tão falha assim. Essa pessoa tem informações de dentro do cemitério e sabe também a rotina de tudo aqui”, comentou a tia, que estava acompanhada dos pais da menina, que estavam à base de remédios e não quiseram falar. “Enquanto nada é resolvido, nosso luto vai continuar”. Em março deste ano, uma situação semelhante ocorreu no local. O corpo de um homem foi encontrado nu fora do cemitério um dia após o sepultamento.
As investigações seguem pela DHPP, que deve trabalhar para primeiro encontrar vestígios da pessoa que levou o corpo e depois tentar identificá-la. A família pediu para que moradores da região do Boqueirão que possam ter visto qualquer coisa estranha denunciem aos policiais, pois qualquer informação é importante. O contato é o 0800-643-1121.
Falta de segurança
Visitando o filho que está sepultado no Cemitério do Boqueirão, o catador de material reciclável Marcio Roberto Gonçalves de Lima, de 47 anos, reclamou que a situação por ali é sempre crítica. “Um lugar onde deveríamos encontrar a paz, encontramos só a falta de respeito e de segurança. É muito triste ver isso acontecer”, desabafou.
Segundo o homem, sempre que vem visitar o filho fica sabendo de algum tipo de crime que aconteceu no cemitério. “Furto de placa de cobre é o mais comum, mas a própria imprensa já vem acompanhando que outros casos misteriosos têm acontecido, como túmulos abertos. Alguém precisa fazer alguma coisa”.
E aí, prefeitura?
A reportagem tentou contato diversas vezes com a prefeitura de Curitiba para pegar uma posição a respeito da situação registrada no Cemitério do Boqueirão, mas ainda não foi atendida.