Em meio a diversas dúvidas sobre o seu futuro, o tradicional Bar Stuart, fechado desde o final de 2023 após 119 anos de funcionamento, em Curitiba, tem parte da história ainda desconhecida ou contada de forma imprecisa. Os registros incorretos que se tornaram a história oficial do centenário estabelecimento são apontados pela família do fundador do bar, José Richter, e incluem até mesmo a grafia do nome dele.
Cansados de ver diversas publicações afirmarem que o criador do bar se chamava Joseph, e não José, os herdeiros do fundador do estabelecimento, que no início era a Confeitaria Stuart, querem resgatar a história e corrigir os erros que se consolidaram nas narrativas.
“Não sabemos porque, mas sempre se publica que o nome do meu avó era Joseph, e isto é totalmente errado. O nome dele é José Richter, e esperamos corrigir esse erro”, conta Desirée Becker Carneiro, neta do criador do bar.
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Casal Stuart nunca existiu, diz família de José Richter
E a grafia estrangeira do nome do fundador não é o único erro apontado pelos familiares. Em texto em que conta um pouco da história do Stuart, a filha caçula de José Richter, Deurenis Richter Becker, atualmente com 91 anos, desmente também a origem do nome da então confeitaria, comumente atribuída a um certo “casal Stuart”.
“Meu pai, José Richter, era um excelente confeiteiro e em 1904 abriu a Confeitaria Stuart. Creio também que o meu pai tinha um amor muito grande pela Confeitaria pois meu irmão mais velho, que veio a falecer prematuramente aos oito anos de idade, recebeu o nome de Stuart”, conta a filha do fundador.
A informação de que nunca existiu o tal “casal Stuart” é corroborada por Desirée, que é filha de Deurenis.
“O que a gente sabe na família é que meu pai gostava do nome Stuart, tanto que batizou um dos meus tios com esse nome. Não sabemos de onde surgiu essa história desse tal casal”, afirma.
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Onde foi o primeiro endereço da Confeitaria e Bar Stuart?
Uma das lacunas históricas que a família Richter ainda não conseguiu preencher é a localização exata da primeira sede da então confeitaria.
“Não consegui entre o ano de 1904 e 1924, qualquer registro ou relato sobre a Confeitaria e o Bar Stuart, mas lembro que meu tio Doca (Pedro Richter), falecido em 1990, contava que antigamente a confeitaria ficava na Rua Aquidaban, atual Emiliano Perneta”, relata Deurenis, que tinha menos de três meses quando o pai faleceu, em 1932.
A partir de 1924, quando José Richter recebeu a licença para instalar a Confeitaria Stuart no imóvel nº 22-A da Rua Comendador Araújo, a história do futuro bar é mais conhecida.
Stuart é marca da boemia curitibana e já recebeu diversas figuras conhecidas
Ainda nesse local, a confeitaria, que já funcionava também como um bar, foi palco de muitas comemorações e eventos da sociedade curitibana. Já consolidado como um ponto de encontro dos curitibanos, o Stuart mudou de endereço novamente em 1927, se instalando na Praça Osório, esquina com a Avenida João Pessoa, atual Avenida Luiz Xavier. E permaneceu nesse endereço mesmo após o falecimento do fundador.
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“Acredito que após o falecimento de meu pai, minha mãe, Eleonor Weigert Richter, tenha assumido a Confeitaria, pois lembro que contavam que eu ficava em uma prateleira da confeitaria enquanto bebê e que algumas pessoas da confeitaria me levavam para passear na praça”, conta Deurenis.
Poucos anos após a morte de José Richter, os irmãos Leopoldo e Affonso Mehl, que eram primos de Eleonor e trabalhavam no bar, compraram o Stuart. Depois disso, em 1954 o bar se mudou para o endereço atual, em frente à Praça Osório, na esquina com a Alameda Cabral.
Definitivamente consolidado na boêmia curitibana, o bar viveu dias gloriosos nas décadas seguintes, apesar das várias mudanças de dono.
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O Stuart faz parte da história de Curitiba e foi frequentado por políticos como Roberto Requião, Jaime Lerner, o governador Ratinho Junior e o pai Ratinho, o atual presidente Lula, ex-jogadores de futebol, como Romário e o saudoso Sicupira, além de ser um dos locais preferidos do poeta Paulo Leminski.