Aberto domingo (22), o café do antigo módulo da Polícia Militar (PM), quase em frente ao cemitério do Água Verde, emprega funcionárias condenadas pela Justiça. Fruto de uma parceria público-privada com a prefeitura de Curitiba, o espaço, que chegou a ser mocó e cuja estrutura foi destruída em um incêndio este ano, foi planejado para apoiar a socialização de ex-detentas que cumprem pena monitoradas por tornozeleira eletrônica.

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O Café Sete Expresso-Bizu faz parte do projeto Geração Bizu, que trabalha para reinserir ex-detentos no mercado de trabalho. Amparado em um conceito de sustentabilidade e arte urbana, mas sem deixar de lado seu principal propósito, a startup contratou duas mulheres que cumprem pena em prisão domiciliar. Ambas tiveram autorização da Justiça para serem treinadas e trabalhar e foram selecionadas entre sete candidatas.

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“O treinamento foi pensado no desenvolvimento delas. Tratamos de empoderamento feminino, porque são mulheres com tornozeleira eletrônica, comunicação, ensinamos noções de barismo, chás e boas práticas”, conta a coordenadora e psicóloga do projeto, Carolina Miranda do Amaral e Silva, de 35 anos.“As mulheres atendidas pelo projeto precisam se sustentar e, em muitos casos, sustentar a família. Queremos fazer com que elas tenham a possibilidade de gerar renda, mas além disso, elas precisam passar também por um processo de desenvolvimento social e emocional porque, sem isso, as taxas de reincidência são muito altas”, acrescenta.

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E foi índice de retorno às celas um dos motivos que impulsionou o projeto. Estudo de 2015 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que uma em cada quatro pessoas que já cumpriram pena volta para atrás das grades. Pensando nisso, os coordenadores do Geração Bizu se empenharam a pensar em um projeto que pudesse ser levado a longo prazo e, assim, reforçar a possibilidade de as detentas se manterem longe do crime. Na prefeitura, conseguiram a concessão do espaço para pôr o esquema em prática. E no meio do caminho foram vários encontros que ajudaram a ideia a sair do papel.

Novo café

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O projeto do café foi assinado pela arquiteta Ana Bonim, e foi executado e coordenado pela construtora Mora Constrói, de Leopoldo Guimarães e Harison Borchardt. Também ajudaram a financiar o espaço o Balaroti, a Terra Café, Núclep P3, Anua e Tintas Alessi. Todo o material e mão de obra foram doados e o café ganhou forma em apenas sete dias.

“No começo nós estávamos com um pouco de receio da comunidade, mas tem sido muito bacana. As pessoas têm ido para lá conhecer e nos parabenizar”, diz Carolina, já prevendo a possibilidade de fazer o negócio ganhar mais fôlego. “Está realmente sendo muito bacana e, claro, agora a gente pensa em poder revitalizar outros espaços da cidade que estão abandados”, completa.

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