A fila de espera para quem procura o Centro Municipal de Urgências Médicas do Boa Vista, em Curitiba, pode variar entre quatro e sete horas. São os próprios pacientes e seus familiares que relatam a situação.
Quem não tem outra alternativa, espera até que o atendimento médico seja realizado. Outros preferem ir para casa e não resolver o problema do que aguardar este tempo todo.
Os usuários reclamam porque consideram o tempo de espera enorme, mesmo sabendo que o local atende casos de urgência e os pacientes em estado crítico são passados na frente na ordem do atendimento.
A aposentada Waldete Claudino dos Santos procurou o centro na última quinta-feira à noite. Ela levou o neto dela, que estava com muita dor de ouvido. “A atendente me informou que demoraria entre cinco e sete horas. Como eu ficaria com o meu neto sofrendo de dor de ouvido aquele tempo todo?”, questiona.
Conversando com pacientes que aguardavam o atendimento, todos citaram que estavam esperando há horas. “Eu cheguei lá às 20h30 e tinha gente que estava esperando desde às 13h30 e ainda não tinha sido ainda atendida por um médico”, relata.
A demora também aconteceu com a manicure Sirlene dos Santos, que levou o avô dela para o centro do Boa Vista no último domingo, às 14h. O atendimento, de acordo com ela, ocorreu apenas entre 20h e 20h30.
Antes, ela foi informada que a previsão para que o atendimento ocorresse era de quatro horas. “Já de cara deram essa previsão. Meu avô estava com muita dor no peito e tem histórico de infarto e um AVC (acidente vascular cerebral)”, comenta.
“A primeira avaliação é rápida e, depois que vai para o médico, o processo acontece normalmente. O problema está entre a primeira avaliação e o atendimento com o médico”, esclarece.
A situação também foi confirmada para a reportagem de O Estado por familiares de pacientes que foram atendidos rapidamente por serem casos críticos. Eles ouviram as reclamações de quem já aguardava há horas enquanto realizavam os trâmites para a internação.
O diretor do sistema de Urgências e Emergências da Secretaria Municipal de Saúde, Matheos Chomatas, explica que o centro do Boa Vista está passando por um problema no quadro de profissionais.
Alguns saíram de lá e o Hospital de Clínicas, que é o responsável em fornecer pessoal para o centro mediante termo de cooperação, está atrás de novos médicos. “Em alguns dias, faltam três profissionais na escala. Mas daqui a pouco será regularizada a situação”, conta.
O processo de contratação está em andamento e em poucos dias a equipe estará completa, de acordo com ele. Enquanto isto, a capacidade para consultas é reduzida e o setor de emergência opera normalmente.
Além do problema com os médicos, Chomatas explica que o tempo de espera também está relacionado com os resultados dos exames de diagnósticos. O paciente não é liberado sem o resultado dos testes e isto pode demorar.
O centro do Boa Vista ainda tem algumas particularidades, como a procura por moradores da Região Metropolitana de Curitiba (de acordo com ele, 55% das pessoas que procuram diariamente a unidade) e o acesso fácil pelo transporte coletivo na comparação com outros centros.