O Instituto Buchman, escola de idiomas localizada há 15 anos no bairro Água Verde, em Curitiba, fechou as portas dia 16 de abril sem aviso prévio e deixou na mão cerca de 250 pessoas, entre professores, funcionários e alunos. A estimativa é de que o instituto deva mais de R$ 200 mil entre ressarcimento aos alunos e pagamento aos trabalhadores.
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Por causa da pandemia do coronavírus, as aulas estavam sendo apenas virtualmente desde a metade de março. Mas segundo quem trabalha na escola, o fechamento já vinha sendo cogitado há tempos.
“Os professores já estavam esperando que a qualquer momento isso fosse acontecer. Os donos já estavam vendendo os móveis da escola. Então, comecei a avisar os alunos para que eles não pagassem as próximas parcelas, sustassem seus cheques, entrassem em contato com os bancos para cancelar a fatura. Até que o dono enviou um comunicado somente aos professores informando o encerramento das atividades”, relata Raphael Laport, 40 anos, que deu aula no Instituto Buchman por quatro anos.
“Eles me devem R$ 5 mil de salário, mas não acredito que vou ver esse dinheiro novamente. Cerca de 30 professores estão na mesma situação. A maioria não tinha nenhum tipo de contrato legal. Eles pagavam tudo em dinheiro e evitavam até depósito em conta”, complementa o professor.
O mesmo acontece com os alunos que estavam matriculados e já haviam pago pelas aulas. “Comprei um curso no início de abril. A sorte é que havia parcelado em três vezes no cartão e estou vendo com o meu banco para cancelar as outras parcelas”, explica o empresário Ricardo Smargowicz, 28 anos.
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Já a gerente de projetos Vanessa Werner, 32 anos, que chegou a registrar queixa na Polícia Civil contra a escola e a procurar o Ministério Público, não teve a mesma sorte. “Em fevereiro comprei o semestre inteiro à vista em uma promoção. Paguei R$ 2.148. Só que das 70 horas de aulas só tive 20 horas de aula. No meu caso, o valor é relativamente baixo, mas tem gente que pagou R$ 10 mil. Quero justiça e que essas pessoas paguem por seus atos”, garante a ex-aluna.
Não são apenas alunos atuais que sofreram o calote da escola. A produtora de eventos Beatriz Suguino, 33 anos, está desde outubro de 2019 esperando receber parte do investimento que fez após cancelar o curso. “Tive que me mudar para São Paulo e fiz o cancelamento do restante do semestre. Desde então, os funcionários do departamento financeiro sempre me dizem que iriam me pagar, mas os meses foram passando e nada. Até que na semana passada pararam de responder”, relata.
Protesto
Indignados com a situação, um grupo de professores e alunos protestou na frente da escola no último dia 17 de abril. Durante o ato, os móveis estavam sendo retirados do instituto por uma equipe de mudança.
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“Eu sei que não vou receber esse dinheiro, então fui lá para negociar uma permuta com os móveis e conversar com o dono. Eu avisei alguns alunos e eles foram para lá também e fizeram até uma reunião com o dono da escola. Só que o [Joachim José] Riedel disse que iria fazer um acordo com os professores para dar aula de graça. Mas isso nem foi passado para os professores e nem seria aceito por nós. Depois, também desistimos da permuta. Não há como negociar com ele”, garante o professor Raphael Laport.
Os alunos também descobriram que uma funcionária da empresa já anunciava os móveis para vender na internet uma semana antes do aviso do fechamento. Até esta sexta-feira (24), nenhum aluno foi comunicado do fechamento da empresa ou obteve qualquer resposta sobre o reembolso do investimento.
O que diz o proprietário
Joachim José Riedel, dono do Instituto Buchman, já teria tido de fechar outra escola de idiomas há 25 anos, chamada Cebel. O fechamento em 1995 resultou em diversos processos contra o empresário. Muitos terminaram com acordos. Mas até hoje alguns tramitam na Justiça do Trabalho.
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A reportagem da Tribuna tentou contato com Riedel por dois dias de todas as formas. E-mail, telefone da instituição, celular e Whatsapp. Quinta-feira (23), Riedel retornou uma ligação disse que “iria explicar o que estava acontecendo” e que “muitas mentiras” estavam sendo ditas sobre a situação. Porém, o empresário não concedeu a entrevista e disse que primeiro iria comunicar a sua assessoria de imprensa para fazer um novo contato, o que não aconteceu.
No dia seguinte, a reportagem voltou a entrar em contato. A esposa do dono da escola, Márcia dos Santos, disse que ele estava em reunião e iria ligar mais tarde. Até a publicação desta reportagem, Riedel não entrou em contato.
Projeto dos professores
Desempregados, um grupo de 23 professores e ex-funcionários do Instituto Buchman se juntaram para lançar uma startup chamada “Dord – Business English School”. A plataforma será montada para dar continuidade às aulas e busca reparar os danos causados pelo fechamento da escola tanto para professores quanto para os alunos.
A ideia é oferecer cursos com preços reduzidos, a partir de R$ 20,00 por hora para quem já havia comprado as aulas na antiga escola, evitando desta forma sair no prejuízo completo.