O crescimento de casos de covid-19 e o limite no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) poderiam ter sido evitados na Região Metropolitana de Curitiba. É o que relata um estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa em Sociologia e Políticas Sociais, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPG Socio) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O relatório aponta que nos primeiros seis meses de pandemia do novo coronavírus, faltou uma ação mais firme das políticas públicas de enfrentamento da doença.
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A equipe que conduziu o estudo é formada por pesquisadores da UFPR e do Instituto Federal do Paraná, doutorandos do PPG Socio e alunos e bolsistas dos cursos de Ciências Sociais e Geografia. A pesquisa usa uma metodologia que cruza o monitoramento das políticas de enfrentamento à pandemia com os dados epidemiológicos dos 29 municípios que fazem parte da RMC. Entre suas conclusões, a pesquisa destaca a falta de coordenação centralizada das políticas e ainda reforça que os prefeitos foram “gerenciadores da doença’ e não evitaram a propagação.
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Maria Tarcisa Silva Bega, professora e coordenadora do grupo, disse que o poder público optou por manter o contágio em níveis toleráveis nos municípios da região. “Ao invés do poder público procurar evitar que o vírus circulasse e infectasse as pessoas, optou por manter o contágio sob níveis considerados toleráveis. Sobre a saúde pública, os dados demonstram que o sistema suportou a demanda não em decorrência da eficiência das políticas de mitigação da doença, mas da enorme capacidade do SUS de ampliar rapidamente sua capacidade de atendimento aos pacientes graves de covid-19”, comentou Bega.
Lockdown
O estudo também alerta que medidas mais rígidas poderiam ter sido realizadas para evitar a propagação da covid-19. Uma das ações seria o fechamento total do comércio e de serviços, o chamado lockdown.
“Comprovamos que o lockdown programado para toda a região metropolitana de Curitiba seria a única forma de achatar a curva e evitar o colapso do SUS. Ainda em agosto, o SUS demonstrava capacidade de atendimento. Mas apontamos que em agosto, se houvesse uma política mais dura de isolamento social o colapso de hoje teria sido evitado”, informa Tarcisa.
O estudo é contínuo e atualmente monitora o período de setembro a dezembro. Os próximos resultados serão apresentados em janeiro de 2021.