Em novembro de 2018, durante as reuniões de transição de governo com Cida Borghetti (PP), o então governador recém-eleito Ratinho Jr (PSD) apontava que o Litoral do Paraná definhava enquanto Santa Catarina virava “uma Miami”. Mais de um ano depois, o estado parece finalmente disposto a tirar do papel obras esperadas há anos.
Em dezembro, Ratinho Junior anunciou um projeto de reurbanização da região, que complementa uma série de outras intervenções anunciadas nos últimos meses. Mas, se os projetos estão finalmente saindo das gavetas, o caminho para uma “Miami paranaense” não é simples ou barato.
LEIA+ Planejada pra Copa-2014, obra de trincheira é retomada, mas comerciante desafia: “Só acredito vendo”
De acordo com o secretário da Infraestrutura e Logística de Ratinho Junior, Sandro Alex de Oliveira, o início concreto das obras se tornou viável principalmente por uma vitória na Assembleia Legislativa do Paraná no fim de 2019. Deputados permitiram que o governo contrate empréstimos no valor de R$ 1,6 bilhão para obras. Embora esse valor não esteja destinado exclusivamente para obras no Litoral, acredita-se que a agenda deva ocupar boa parte deste recurso – o fortalecimento do turismo é uma das bandeiras da gestão Ratinho Junior.
O dinheiro será usado, por exemplo, no plano de reurbanização do Litoral apresentado em dezembro. O projeto recupera iniciativas que já haviam sido estudadas em anos recentes. Inclui recuperação e engorda da orla, construção e revitalização de canais em Matinhos e a duplicação da Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga Matinhos a Guaratuba, atravessando o balneário de Caiobá. Tais ações prometem reduzir problemas crônicos da região, como a destruição pelas ressacas (no caso da engorda da orla), enchentes (no caso dos tratamentos dos canais) e congestionamentos (com a duplicação da avenida).
Embora o dinheiro para dar início às obras – algo na ordem de R$ 660 milhões, segundo o governo – já esteja liberado, pelo menos a duplicação da Avenida Juscelino Kubitschek, principal via de acesso a Matinhos, terá de esperar. A obra depende de desapropriações de casas feitas pela prefeitura de Matinhos, uma ação ainda em andamento.
“Restam duas desapropriações para que possamos dar a ordem de serviço da primeira etapa”, indica Sandro Alex. O secretário aponta que novas desapropriações, na região central da cidade, ainda terão de ser negociadas até a conclusão dos trabalhos.
LEIA+ Cheiro forte e cor de barro: moradores da RMC reclamam da água que sai das torneiras
Em entrevistas recentes, o secretário municipal de Meio Ambiente de Matinhos, Sérgio Cioli, admitiu que a demora em tal obra tem ocorrido principalmente pelas indenizações a serem pagas aos moradores deslocados para o alargamento de pista.
Engorda e ponte de Guaratuba
O pacote de projetos de Ratinho Jr retoma, ainda, estudos de engorda da orla de Matinhos e de viabilidade da ponte Caiobá-Guaratuba.
O projeto de engorda da orla de Matinhos foi criado ainda nos anos 1990, mas nunca foi adiante. “Este projeto passou no ano passado por um crivo da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo. Teve algumas correções e agora está pronto para ser rodado. É muito bem feito”, diz Sandro Alex de Oliveira.
Pelo projeto, estruturas semirrígidas serão colocadas no canal da Avenida Paraná, no desemboque do Rio Matinhos, no espigão ao Norte da Praia Brava e nos headlands (estruturas de pedras para reter a areia) localizados nos balneários Saint Etienne e Riviera. Com isso, espera-se dobrar a faixa de areia no município (dos atuais 20 a 40 metros deve passar dos 80 metros).
Em 2019, explica o secretário, o governo concluiu também o estudo de viabilidade da ponte Caiobá-Guaratuba. Hoje, a travessia é feita por ferry boat, o que torna o fluxo mais lento. “Estamos com o licenciamento ambiental e o projeto executivo. O governador determinou que avancemos nesse projeto. Neste ano, queremos lançar, talvez em formato de regime diferenciado de contratação, o edital para a construção”, diz Oliveira.
Outras obras no litoral
Também estão na pauta obras estruturantes no acesso a Paranaguá, destaca o secretário, possibilitadas graças a acordo de leniência com a Ecovia, a concessionária responsável pelo trecho pedagiado que liga Curitiba às praias paranaenses. ´
As obras são a duplicação de 800 metros da PR-407, no perímetro Urbano de Pontal do Paraná; a construção de uma passarela no km 1 da Avenida Ayrton Senna, em Paranaguá; a construção de uma passarela no km 77 da BR-277, em São José dos Pinhais; uma alça de retorno no entroncamento da BR-277 com a PR-508, no acesso da Alexandra-Matinhos; e a iluminação de 5 quilômetros da BR-277 na chegada em Paranaguá.