Onda mais veloz

Engorda da orla pode retomar Matinhos como a “melhor direita” do Brasil

Pico de Matinhos. Foto: Albari Rosa / arquivo Gazeta do Povo.

As obras de engorda na orla de Matinhos, no Litoral do Paraná, chegaram ao Pico de Matinhos, local conhecido pelas ótimas ondas para prática do surfe. Na quinta-feira (28), a Tribuna acompanhou o início da construção do primeiro espigão em direção ao mar, na área lateral da Praia Brava, e aproveitou para bater um papo com surfistas locais, para entender os impactos da engorda da orla na qualidade das ondas.

Quando se falou na engorda da praia, dúvidas surgiram sobre a mudança nas ondas para a prática do surfe, se prejudicaria o pico, que tem umas das melhores direitas do Brasil para a prática do esporte – quando a onda abre para a direita, facilitando o surfe. O surfista amador Billie Joe, 36 anos, que mora há 17 anos em Matinhos, garante que não. Ele disse que as ondas tendem a ficar diferentes, mais rápidas, o que não deve prejudicar o surfe.

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“Para quem surfa com pranchas mais curtas, para manobras, as ondas ficarão melhores”, diz o surfista, que já disse estar sentindo diferença. “O pico já está diferente. A parte de areia já aumentou por causa das obras, com o a movimentação da maré. Eles colocam areia na Praia Brava e muitos sedimentos estão encostando no Pico de Matinhos”, relata Joe.

Ainda de acordo com ele, por causa dessa movimentação da areia, a onda já está um pouco mais rápida, quebrando melhor no pico. “Ela quebra atrás da laje, que é como chamamos aquele mirante que tem no pico. Quebra forte por lá, porque tem a bancada de areia das pedras, e chega nessa lateral em frente aos comércios um pouco mais gorda, com menos força. Antes das obras era assim. Depois das obras, já está dando pra sentir um pouco de diferença na velocidade para surfar”, completa.

Com o avanço da engorda, a expectativa dos surfistas é retomar o Pico de Matinhos como ele era na década dos anos 1990. É o que projeta o professor de surfe Jorge Porvilho, 40 anos. “Quando eu comecei a surfar em 1992, dava para colocar guarda-sóis, cadeiras na praia. Com essa obra, ele está voltando a ser como era. Antes, as ondas iam até o mercado dos pescadores. Com o passar dos anos, essa onda foi encurtando. A expectativa é retomar a melhor direita do Brasil, no melhor estilo”, aposta Porvilho.

Sobre a mudança de paisagem na praia, os surfistas ainda aguardam para ver como vai ficar. “No Pico, a gente já nota alguma mudança, a ressaca parece ter se afastado dos restaurantes, dando mais espaço na areia. Já na Brava, a gente não tem como avaliar, ainda, porque o trabalho está em andamento. Já deu para ver que mudou, mas até finalizar deve mudar mais”, ressaltou Billie Joe.

Sobre as condições do surfe em Matinhos, o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Everton Souza, disse em live exclusiva para a Tribuna que a obra foi planejada em conjunto com a população, no início da discussão do projeto. “Houve uma ampla participação dos surfistas e da sociedade de Matinhos. Nós não poderíamos fazer um projeto que planejasse alguma coisa diferente em relação à onda direita do Pico de Matinhos. É uma onda famosa, é a nossa Califórnia, então todo o planejamento, todo a modelagem desta obra, são muito mais para melhorar o Pico de Matinhos do que para causar algum transtorno”, finalizou.

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