Aos 24 anos, Thalia Ramos Feitosa é proprietária do Estúdio Lia, salão de beleza no Umbará, bairro onde ela nasceu e cresceu junto da família. No endereço próprio, aberto em 2019, ela faz as unhas, os cabelos e sobrancelhas de um número cada vez maior de clientes.
O gosto da empresária pela área da beleza surgiu depois que ela fez o curso de manicure ofertado gratuitamente pela prefeitura de Curitiba, por meio do Programa Liceu de Ofícios, em 2013. “Eu nunca imaginei que se tornaria a minha profissão”, conta.
+ Leia mais: Hit “Acorda Pedrinho” aumenta movimento no Bar do Dionísio, mas só pra selfie, brinca dono
Na época, Thalia era acompanhada pela Fundação de Ação Social (FAS) e durante dois anos passou por vários serviços de assistência do município. Participou do grupo de adolescentes e foi encaminhada para o então programa Projovem, o que lhe garantiu uma vaga de trabalho no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Bairro Novo.
“Eu trabalhava de manhã e estudava à noite. Fiz o curso de manicure à tarde para aproveitar o tempo livre. No dia seguinte da conclusão do curso eu fui contratada em um salão do bairro”, relembra Thalia.
A jovem chegou a trabalhar em outra empresa do ramo, até que decidiu montar o próprio negócio. Ela implantou uma forma diferente de trabalho, fixando horários exclusivos para cada cliente. “Assim consigo atender cada pessoa de forma especial”, conta a empresária que reabriu o estúdio há poucos dias, depois de uma ampla reforma para tornar o local mais aconchegante e profissional.
O Estúdio Lia funciona em um imóvel próprio, no mesmo terreno onde fica a casa de Thalia e do marido, Marcos, também de 24 anos. “Antes nós pagávamos aluguel, mas juntamos dinheiro durante quatro anos e conseguimos comprar a casa”, conta.
Oportunidades
Para a jovem empresária, que já não consegue atender a todas as clientes que a procuram, a FAS foi fundamental para a superação de vulnerabilidades que vivia. “A FAS foi muito importante na minha vida, me ofereceu oportunidades e eu soube aproveitar”, diz.
Entre os aprendizados que teve, Thalia cita a oportunidade de conhecer outras culturas, em visitas que faziam em grupo, e a responsabilidade que desenvolveu como aprendiz. “O Creas atendia meninos infratores, conheci muitas histórias e pensava que eu não queria aquela vida que eles levavam para mim”, relembra.
LEIA TAMBÉM:
>> Paraná recebe nesta quarta mais de 400 mil doses de vacina contra a covid-19 para adolescentes
>> Governador Ratinho Junior é recebido pelo Papa Francisco no Vaticano
O dinheiro que recebia pelo trabalho, na época, também foi fundamental para Thalia, que podia comprar as coisas que precisava. “Minha mãe trabalha até hoje como diarista e não tinha condições de comprar tudo o que eu queira”, conta ela, que tem ainda como meta conhecer Paris e morar em outra cidade ou até país.
Veja o vídeo com a história da Thalia Ramos Feitosa:
Percurso
Para a presidente da FAS, Maria Alice Erthal, Thalia é um exemplo dos resultados positivos esperados pela política da assistência social instituída em 1930 e aperfeiçoada ao longo das décadas, principalmente com a Constituição Federal de 1988 e a implantação da sua lei orgânica, cinco anos depois.
“Thalia era uma jovem que vivia em uma situação de vulnerabilidade social, foi atendida pela FAS em vários serviços e conquistou a sonhada autonomia. Esse é o percurso almejado pela assistência social para todas as pessoas que dela precisam”, explica Maria Alice.
Para a presidente, os cursos de qualificação profissional, ofertados gratuitamente pelo Programa Liceu de Ofícios, também são fundamentais para que as pessoas possam empreender ou entrar no mercado de trabalho e conquistar a independência financeira.
Lançado em 1993, o Programa Liceu de Ofícios está perto de alcançar a marca de 1 milhão de pessoas certificadas.