Da merenda ao kit alimentar

Empresa de alimentos de Curitiba se reinventa na pandemia pra levar hortifruti às crianças e manter fornecedores

Os desafios para as empresas de vários setores escaparem de uma crise financeira têm sido constantes na pandemia de coronavírus. O Grupo Risotolândia, por exemplo, especializado em refeições coletivas e merendas em escolas municipais de Curitiba, teve que reinventar sua forma de trabalho para equilibrar as finanças. O ponto de virada foi quando houve a paralisação da produção de refeições, por causa dos decretos estaduais e municipais de combate ao contágio da covid-19.

LEIA MAISCuritiba está próxima de uma bandeira vermelha. Definição deve sair nesta sexta!

A suspensão das atividades escolares municipais teve grande impacto na rotina da empresa e, em vez de cruzar os braços ou fechar as portas, a solução foi aprender a montar cestas de alimentos, transformando em locais de estoque as áreas que eram de operação. O grupo precisou desligar caldeiras para estruturar e operar linhas de montagem e teve a ideia de incluir kits de hortifruti para escolas, garantindo a sobrevivência das famílias de fornecedores.

A nova rotina da Risotolândia – que a partir de um retorno das aulas terá que se adequar de novo – acaba sendo um exemplo para outras empresas que enfrentam o atual cenário de incertezas, tanto no momento atual da pandemia, quanto para o futuro. Além das mudanças nas operações internas, a empresa estendeu a sua preocupação para com seus fornecedores, principalmente os pequenos agricultores parceiros. A renda dessas famílias foi bastante impactada pela crise.

“Nossa empresa fez um grande movimento com os pequenos agricultores parceiros a fim de manter o contrato e o compromisso que temos com cada um deles. Inclusive, muitos dos nossos parceiros vendem para nós 100% daquilo que produzem: é uma relação de interdependência”, apontou a Cleonice Ferreira, coordenadora do setor CEASA na empresa e responsável por acompanhar os contratos desse fornecimento.

VIU ESSA? Leoas flagradas circulando no Porto de Paranaguá. Fake ou verdade? 

De acordo com ela, no início da pandemia, lá em abril, muitos tiveram prejuízos em suas plantações devido às incertezas de retomada. Para reduzir o impacto, a Risotolândia teve a iniciativa de ofertar aos órgãos públicos a inclusão de kits de hortifruti na suplementação escolar. “Assim, proporcionamos aos nossos produtores o escoamento da produção nesse período crítico e, além do kit de alimentos básicos, as famílias dos alunos receberam também um kit de legumes e verduras”, acrescenta a Cleonice Ferreira. 

Desafios na adaptação

Para a gerente de operações do grupo, Catiane Zelak Abreu, a adaptação ao novo cenário não foi fácil. “O desafio foi gigante. Tivemos que adaptar nosso espaço, alterar plantas industriais e ter, inclusive, autorização de órgãos competentes para isso. Passamos a trabalhar com pallets e paleteiras elétricas, algo que não era comum em nossa rotina”, explica.

Ainda segundo a gerente, de abril de 2020 até março deste ano, mais de 1 milhão de kits de alimentação foram montados e distribuídos, o que dá em torno de 12 mil toneladas de alimentos. Foram mais de 95 mil kits montados por mês, sendo dois tipos de kits diferentes com a inclusão do hortifruti, para uma logística de entrega com duração de uma semana. “Cada caminhão da nossa frota comporta 500 kits para cada rota. Se antes o cenário era de novos desafios a cada movimentação, agora o foco é manter o fluxo de produção sem chance para erros, em um trabalho dividido em turnos de 24 horas para dar conta do recado”, diz.

LEIA AINDA – Rifas do Bem já ajudaram 35 crianças e ONG Anjo Felipe ganham o Brasil

Aline Ferreira, gerente de compras da Risotolândia, conta que as novas ideias promoveram um rebuliço no setor de compras. Além de tentar garantir que os fornecedores fossem atendidos, a empresa foi obrigada a se organizar para acompanhar a variação de preços do mercado, que, segundo ela, ficou num sobe e desce provocado pela pandemia. “O mercado teve um consumo normal elevado e as cestas básicas trouxeram uma demanda adicional. Os preços subiram e percebemos falta de alguns itens para comprar. Precisamos quebrar paradigmas, ampliar a carteira de fornecedores. Tudo isso em um período muito curto para abastecimento”. 

Para se ter uma ideia do volume de compras, a empresa diz que apenas no período da entrega dos kits, foram mais de 12,5 milhões de unidades de produtos, entre arroz, feijão, macarrão, farinha, fubá, leite, óleo, sal e leite. 

E com a retomada das aulas? 

Conforme as escolas forem abrindo, a empresa deve retomar as linhas de produção normais. “Mas é bom lembrar que o MEC autorizou o ensino a distância até o final deste ano. Os cenários trabalhados são de retorno com ensino híbrido, uma semana na escola e uma semana em casa, com 30% de adesão, ou com 50% de adesão”, aponta Carlos Humberto de Souza, diretor-presidente do Grupo Risotolândia.

Ainda de acordo com Souza, para essas etapas, a Risotolândia trabalhará com o aumento de produção gradual, à medida que a adesão vá acontecendo. “Nossos equipamentos, nossas instalações e nosso pessoal estará apto para a retomada. O pessoal espera ansiosamente por esse retorno, afinal estamos falando da continuidade da manutenção de empregos”, finaliza.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna