O dono de uma construtora foi preso por policiais da Delegacia de Crimes contra a Economia e Direitos do Consumidor (Delcon), na manhã de ontem, em Pinhais. Nereu Juliani da Silva, 46 anos, é suspeito de receber antecipado e não concluir a obra.
Segundo o delegado Roberto Heusi de Almeida Júnior, oito vítimas já foram ouvidas em cartório, mas a polícia acredita que Nereu tenha enganado várias pessoas em Curitiba, São José dos Pinhais e Pinhais. O prejuízo estimado até agora é de R$ 700 mil.
Só nos juizados especiais cíveis de Curitiba, o empresário foi acionado mais de 20 vezes. Fornecedores e prestadores de serviços também foram enganados por Nereu, que atua no ramo da construção desde 1991.
Desde 2001, há denúncias de pessoas que caíram no golpe. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da empresa, na Rua Baltazar Carrasco dos Reis, Rebouças, mas não encontraram documentos que indiquem onde ele teria depositado o dinheiro. “Provavelmente usou conta de laranja”, disse o delegado.
De acordo com a polícia, Nereu montou seis empresas em seu nome, no de sua mulher e de um funcionário. Para atrair as vítimas, usava panfletos bem acabados e outdoors. “Construa sua casa e ganhe um carro zero quilômetro”, diz um dos panfletos.
Fundação
Uma das vítimas, que é advogado, contratou a Concretiza Construtora de Obras Ltda. (que também é o nome fantasia de uma empresa idônea que atua no mesmo ramo) em uma feira de imóveis, no ano passado.
Ele deu metade do valor para a construção de sua casa. No entanto, seis meses depois, descobriu que Nereu não havia sequer providenciado o alvará da construção.
“Ele dizia que estava com problema de saúde ou que o material foi roubado e pedia um prazo maior”, relatou o delegado. Quando a vítima propunha cancelar o contrato, Nereu comparava o valor pago e utilizado na obra e dizia que ia pagar o restante em notas promissórias.
Os valores, segundo o delegado, não condiziam com a realidade. “Por exemplo, de R$ 113 mil que ele pegou, dizia que usou R$ 71 mil apenas para a fundação da casa e que pagaria o restante com as promissórias. Como não tinha bens, o valor da promissória não era pago”, contou o delegado.
Nereu vai responder por estelionato e foi encaminhado ao Centro de Triagem II. Quem foi vítima do golpe pode entrar em contato com a Delcon pelo telefone 3322-7897.