Em época de pandemia, período no estamos vivendo há um ano, quando se refere a profissionais de saúde, a imagem que aparece na mente acaba sendo a dos médicos e enfermeiros. É até natural pensar assim, mas outras profissões também estão lutando para salvar vidas e, em alguns casos, também estão sendo infectados pela covid-19. No geral, 17.656 pessoas que usam o jaleco branco foram contaminadas até hoje e 241 perderam a vida, segundo dados da Secretária Estadual de Saúde (Sesa).
A área de saúde abrange profissionais que atuam em diversos locais. São eles médicos, enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, veterinários, fonoaudiólogos, educação física, assistente social, socorrista, cuidadores, agentes comunitários e tantos outros que trabalham na parte administrativa de laboratórios e hospitais. Essas pessoas estão diariamente trabalhando para auxiliar quem precisa de cuidado e não medem esforços para colaborar com a sociedade.
Quando saem de casa, muitos deles estão sujeitos a ficar doentes como qualquer pessoa, mas na atual conjuntura com a covid-19, uma contaminação do novo coronavírus pode ser fatal, já que a variante P1 passou a ser mais agressiva e mortal. De acordo com o informe epidemiológico da Sesa, as categorias que mais estão com casos confirmados são os enfermeiros, médicos, agentes comunitários de saúde, dentistas e farmacêuticos. A parte administrativa também aparece entre os principais, mas neste caso é difícil saber qual formação tem este colaborador.
No caso dos dentistas, o perigo da contaminação pela covid-19 é enorme. Como os fluídos bucais estão entre as regiões de maior aderência do vírus, a expectativa inicial era de que os dentistas tivessem o mesmo índice de infecção dos profissionais que atuam em hospitais. O Ministério da Saúde chegou a determinar em março de 2020, que os atendimentos eletivos fossem suspensos. Depois de algumas discussões, o tratamento voltou a normalidade a todos os pacientes.
No Paraná, são 594 casos confirmados com 21 mortes envolvendo dentistas, que ocorreram mesmo os consultórios se adaptando às novas exigências de segurança. As entradas receberam tapetes com desinfetantes, os jalecos cirúrgicos se tornaram acessório obrigatório para toda a equipe assim como o uso de proteções faciais. Mas a principal mudança ocorreu no atendimento. Para evitar a concentração de pacientes na sala de espera, a higienização nos consultórios aumentou e o aguardo para a consulta leva mais tempo.
Valquimar Almeida, 40 anos, é cirurgião-dentista da clínica Reabilitação Oral, no bairro Bigorrilho. Segundo ele, a profissão está ligada ao perigo da contaminação, mas que o atendimento precisa continuar ativo para amenizar os danos em uma pessoa que está sofrendo de dor. “A recomendação do Conselho Regional de Odontologia (CRO-PR) é que se faça uma descontaminação da cavidade oral do paciente antes do procedimento com o uso do peroxido de hidrogênio 1% e o iodopovidona 0,2% e naturalmente o reforço dos equipamentos de proteção (EPIs). O medo existe, mas fazemos uma espécie de triagem nos pacientes para tentar eliminar o contágio e realizar o atendimento de emergência”, disse Valquimar, que já tomou a primeira dose da vacina.
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Perigo nas farmácias
Um outro ramo hiper importante em tempos de pandemia e de cuidados com a saúde envolve os farmacêuticos. Todo o processo para a fabricação de um medicamento e até de vacinas tem um profissional formado em Farmácia. A área de trabalho não fica somente em uma loja física como muitos imaginam. Dentro de um hospital ou mesmo de uma empresa tem o farmacêutico que estudou no mínimo 5 anos.
O ambiente de trabalho destes profissionais também é preocupante e não somente para a covid-19. Em muitos dos casos, a pessoa doente se encaminha para uma farmácia com o objetivo de comprar remédio e pode transmitir doenças para os outros. Na pandemia, a segurança destes estabelecimentos aumentou e em alguns lugares até parece que estamos em uma aula de placas de trânsito.
No Paraná, foram 590 casos confirmados com 21 mortes relacionadas a área farmacêutica. O Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR), acredita que o número é preocupante e reforça que é preciso cobrar do gestor ou do empregador uma melhora nos equipamentos de proteção.
“Nós temos quase 20 mil pessoas registradas pelo Conselho e desde o primeiro momento da pandemia, temos feito um trabalho pesado para que os profissionais estejam paramentados e com segurança total. A gente entende que o médico e o enfermeiro estão no cuidado na linha de frente, mas a farmácia é o local de busca e compra. Hoje temos na farmácia o teste de covid-19 de pessoas que estão infectadas. Não podemos deixar que a farmácia não venha a ser um foco de propagação da covid-19, comentou a presidente do CRF, Mirian Ramos Fiorentin.
Ajuda ao SUS
O interessante que as farmácias atendem todos os públicos e, em alguns casos, não fecham por atender 24 horas por dia. As equipes perceberam um aumento na procura por medicamentos desde o ano passado com a pandemia e o farmacêutico ganhou status diante de uma sociedade que nem sempre olhou com bons olhos a pessoa que “entrega saúde”.
“A farmácia é um estabelecimento com agenda aberta e para qualquer cidadão. Hoje são realizados testes rápidos para covid-19 e isso ajuda o Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema muito bom, mas que não consegue dar conta. Ela fecha no fim da tarde e o farmacêutico é que atende à noite e fins de semana. O nosso empenho pela vacinação sempre foi intensificado, pois desde o primeiro momento da pandemia, as pessoas buscavam primeiro a farmácia”, completou Mirian.