A construção da Barragem Miringuava, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba está em fase final de conclusão (97%), mas as condições climáticas é que irão definir quando a obra vai estar pronta. A previsão de término era dezembro de 2020, mas teve o prorrogado para março de 2021, no entanto, com as chuvas do fim do ano e do primeiro trimestre, a entrega teve que ser novamente postergada.
A Barragem Miringuava começou a ser viabilizada em 2015, mas teve o serviço interrompido por irregularidades licitatórias e até mesmo contestação de problemas na obra. No início de 2020, os trabalhos começaram a ocorrer com mais velocidade e tratando-se de uma construção de grande porte e de certo ponto complexa, a estrutura precisa garantir muita segurança, pois a barragem terá capacidade de 38 bilhões de litros de água, o que corresponde ao volume de 15.282 piscinas olímpicas. A obra vai beneficiar 650 mil pessoas com custo estimado de R$ 160 milhões.
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As estruturas de concreto armado estão 97% concluídas e servem para captação da água, regularização da vazão, vertedor (que permite extravasar de forma segura o volume excedente em períodos de cheias) e galeria de desvio que amortece o impacto da água. Nessa parte foram utilizadas 320 toneladas de aço. Também já foram instalados cerca de 50% dos equipamentos, que devem estar concluídos até maio.
Na atual fase, estão em andamento a construção do aterro compactado do maciço da barragem, que é a estrutura que faz o barramento propriamente dito da água. O maciço é formado por várias camadas horizontais de aterro compactado, com altura de 29 metros. Para a construção do maciço, no total, serão feitas 21.300 viagens de caminhões caçamba com 298.400 metros cúbicos de material.
Ajuda de São Pedro para que não chova!
Diferente das outras barragens, que precisam de chuva na região para aumentar o nível no reservatório, em Miringuava é bom não chover. A umidade do solo é determinante para a execução das obras dentro dos critérios técnicos do projeto de engenharia, possibilitando segurança e estabilidade da barragem. No projeto, a especificação determina que o aterro seja executado com umidade de até 2% acima da umidade ótima (piso completamente seco).
Nos últimos meses de 2020 e no primeiro trimestre de 2021, as chuvas acabaram causando atrasos. Em dezembro, por exemplo, os intervalos entre as chuvas foram de três a quatro dias, e na primeira quinzena de março, praticamente não houve descanso para o solo. Esse espaçamento curto entre as chuvas impede a secagem do solo e a movimentação da terra.
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Um exemplo, uma chuva de apenas cinco milímetros requer dois ou três dias de sol para que a condição de umidade esteja dentro do índice especificado no projeto. “De forma diferente das quatro barragens que já estão em operação no Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC), onde a Sanepar comemora qualquer precipitação, neste momento da obra, qualquer volume de chuvas no Miringuava acaba prejudicando as obras. Na execução do maciço, a baixa umidade é crucial. E seguimos à risca todas as normas de segurança de construção de barragem”, explicou a diretora de Investimentos da Sanepar, Leura Conte de Oliveira.
Além da umidade, outros processos estão em andamento como a licitação da supressão vegetal e o resgate de fauna e da flora da área a ser inundada. A construção do sistema viário ao redor da barragem já está licitada e o enchimento da barragem vai depender das condições climáticas.
Histórico e crise hídrica
A Barragem Miringuava, uma represa no rio de mesmo nome, é considerada uma das obras mais importantes do governo do estado para aumentar a capacidade de fornecimento de água na região de Curitiba, que sofreu ano passado, a pior crise hídrica da história. Os reservatórios formados pelas barragens Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II estavam com apenas 24,4% do volume de água.
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Rodízios no abastecimento, captação em pedreiras e até o uso de avião “que faz chover” foram estratégias utilizadas pela Sanepar, empresa responsável pelo abastecimento de água no Paraná. Atualmente, o nível dos reservatórios é próximo de 60% e segue um escalonamento na distribuição de água nos municípios com 60 horas de fornecimento e 36 horas com suspensão. Com a nova barragem, a capacidade no abastecimento dobraria de 1 mil litros por segundo para 2 mil litros por segundo e vai ajudar a evitar que tenhamos rodízio de água novamente.