O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta (15) quer voltar à cela em que esteve preso em Curitiba por 580 dias entre os anos de 2018 e 2019 após ser condenado pelo então juiz Sergio Moro, que conduzia os processos referente à Operação Lava Jato no Paraná. O desejo de retornar à carceragem da Polícia Federal foi revelado por ele pela manhã, durante visita à capital paranaense.
“Eu me sinto muito à vontade em Curitiba. […] Eu ia fazer uma visita na cela que eu fiquei preso, só não vou hoje [quinta, 15] porque a [primeira-dama] Janja não está comigo, e ela queria ir comigo”, disse Lula em uma entrevista à Rádio T, da cidade (veja trecho).
Ele está em Curitiba para uma série de eventos oficiais, entre eles a reabertura de uma fábrica de fertilizantes, o anúncio de investimentos na refinaria da Petrobras no Paraná e um ato na fábrica da montadora Renault, na região metropolitana da capital paranaense.
Lula disse que, além de Janja, ele também gostaria de visitar a cela em que esteve preso com a organizadora da vigília que foi montada em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba. O grupo permaneceu lá durante os 580 dias em que ele esteve detido na carceragem.
“Eu vou querer vir aqui visitar a cela onde eu estive preso, porque eu acho que não vou esquecer os 580 dias”, afirmou.
Além de dizer que se sente à vontade em visitar Curitiba – embora tenha reclamado do frio da cidade –, Lula afirmou que o estado deu ao Brasil “uma pessoa extraordinária”: a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Mas, também reconheceu que a fundação do PT na cidade “não foi fácil”, mas que o partido “tem uma história muito forte” no Paraná.
Ele ainda dedicou o programa desta quinta (15) às pessoas que ficaram na vigília dando “bom dia, presidente; boa tarde, presidente; boa noite, presidente” durante o período em que esteve preso. “Essa vigília, embora eu não visse ela por estar preso, mas, o significado do que vocês fizeram nesse país, e sobretudo pra mim, não tem preço”, completou.
Lula foi preso em abril de 2018 para cumprir uma pena de 12 anos e 1 mês pela condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP). O então juiz federal Sergio Moro permitiu que ele ficasse abrigado em uma sala especial da Polícia Federal.
O presidente – então ex-presidente – foi acusado de receber o apartamento no litoral paulista como propina pela construtora OAS por suposto favorecimento em contratos com a Petrobas. Lula sempre negou as acusações.
No entanto, em novembro de 2019, a Justiça permitiu a ele recorrer da condenação em liberdade após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a necessidade de prisão após condenação em segunda instância – pela decisão, réus condenados só poderiam ser presos após o processo transitar em julgado, ou seja, ser concluído.