A Superintendência de Trânsito de Curitiba (Setran) começou a multar em R$ 195 motoristas que estacionarem em área de Estacionamento Regulamentado (EstaR) sem ter ativado o sistema, que agora deve ser feito por um dos oito aplicativos disponíveis. O valor da multa gerou grande insatisfação nos curitibanos, já que antes de ser digital a regularização do EstaR era de R$ 30.

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“Pague o aplicativo, o flanelinha e ainda assim fique com o pé atrás! A pergunta que não quer calar é: e quem não tem o app, não tem crédito, ou se for de mais idade, com dificuldade em mexer com isso como que faz?”, questionou Márcio Reis, um seguidor da Tribuna do Paraná no Facebook. Outra pergunta, dessa vez do leitor Fernando Miranda, foi sobre a responsabilidade do município sobre furtos e roubos de veículos em caso de pagamento do EstaR. A Tribuna foi atrás do assunto e trouxe as respostas para as dúvidas dos curitibanos.

A mudança já havia sido anunciada pela Urbs e consta no decreto municipal nº 418/2020. Até novembro, a regularização do EstaR era feita com o pagamento de R$ 30 em até cinco dias úteis após o recebimento do aviso de infração. O valor deixou muita gente preocupada, pois está muito maior do que era cobrado antes desta mudança.

Segundo o Arthur Degrandi, 27 anos, funcionário de uma loja de eletrônicos que é um dos pontos fixos para compra de créditos de EstaR, na Rua 24 de Maio, no Centro da capital, quando alguém os procura o problema não é com o manuseio dos aplicativos, mas com imprevistos e desconfiança. “Às vezes, o motorista que coloca os créditos conosco quer um comprovante para deixar no vidro do carro. A gente explica que não precisa, que é tudo digital”, conta Degrandi.

Arthur diz que quem procura a loja por um imprevisto é porque não baixou um dos aplicativos. Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná.
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Ele diz que quem procura a loja por um imprevisto é porque não baixou um dos aplicativos, tem dúvida de qual baixar ou está sem o celular por algum motivo. De acordo com Degrandi, são motoristas de Curitiba. “Não tem gente de fora, pelo menos com a gente”. Para encontrar um ponto fixo de venda de EstaR, a Urbs disponibiliza uma lista em seu site. Segundo a empresa, existem na cidade pontos fixos no comércio, que permitem ao motorista adquirir a hora de estacionamento. São cerca de 160 locais. 

Um ponto negativo é que, às vezes, nem mesmo na loja o motorista consegue abastecer o EstaR diz Arthur Degrandi. “Volta e meia acontece de cair o sistema e não conseguimos colocar o crédito. O motorista acaba tendo que esperar”, revela. No caso da loja onde Degrandi trabalha, somente dá para comprar créditos pagando em dinheiro. Como explica a Urbs, é a loja cadastrada que ativa o tempo de estacionamento.

O engenheiro Carlos usa o EstaR pelo celular desde março e prefere assim. Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná.
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Por outro lado, quem tem o aplicativo instalado diz não ter problemas. O engenheiro Carlos Koch, 41 anos, usa o EstaR pelo celular desde março e prefere assim. “Não tenho problema. O GPS reconhece o local de estacionamento, recebo o comprovante por e-mail. Eu sempre uso e gosto de usar”, diz. Koch permitiu que a reportagem gravasse um vídeo dele no exato momento em que parou numa vaga de EstaR e ativou o sistema.

O empresário William Kruger, 32 anos, que estava saindo de uma vaga no Centro, também disse que se sente tranquilo ao usar. “Acho simples, sem muito segredo. Também não tenho problema”.

“Não tem segredo”, disse o empresário Willian ao sair de uma vaga. Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná.

No site da Urbs há espaço de perguntas e respostas que explica o funcionamento do EstaR Digital Curitiba. Entre as principais dúvidas respondidas pela Urbs estão a cobrança de crédito fracionado de 15 em 15 minutos, o preço que agora é de R$ 3 a hora, os créditos que podem ser armazenados e fiscalização. Segundo a Urbs, “a fiscalização permanece com agentes da Setran, que têm um dispositivo com geolocalização dos carros estacionados em cada área. Assim, o agente pode rapidamente saber se o veículo está estacionado irregularmente”. Motos não pagam EstaR, mas a Urbs informou que estudo um sistema de cobrança apenas para motos de passeio.

Aplicativos

Segundo a prefeitura, há oito aplicativos disponíveis de EstaR que o motorista pode instalar. São eles:

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Veja as principais dúvidas do site da Urbs

Por que o valor saltou de R$ 30 para R$ 195?

Não foi o valor da regularização que subiu. O que ocorre é que, agora, a chance de escapar da multa com os R$ 30 que davam direito a um talão de EstaR no prazo de cindo dias não existe mais. O motorista que não ativar o sistema será multado direto. É uma infração grave e, além do valor de R$ 195,23, serão somados cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Vai ser sempre cobrada hora cheia, como no EstaR atual?

A novidade é que no novo modelo os créditos serão fracionados de quinze em quinze minutos. Assim, o usuário que usar menos de uma hora, por exemplo, terá o restante do tempo transformado em créditos para a próxima vez.

Qual o preço?

O preço da hora passa de R$ 2 para R$ 3. Desde 2015, o EstaR não tinha o preço reajustado na cidade. Mas o fracionamento trará economia para o motorista. O preço para 15 minutos é de R$ 0,75.

Se eu não tiver celular ou ficar sem bateria, como faço?

Além do celular, o motorista poderá comprar créditos em pontos de venda do comércio credenciados. Além disso, onde não houver comércio nas vias, as empresas de aplicativos podem instalar totens para compra de créditos.

Como será a fiscalização?

A fiscalização permanece com agentes da Setran, que terão um dispositivo com geolocalização dos carros estacionados em cada área. Assim, o agente poderá rapidamente saber se o veículo está estacionado irregularmente.

Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

Posso armazenar créditos?

Os usuários poderão comprar créditos pelos aplicativos e armazená-los para utilizar futuramente. Haverá possibilidade de obter descontos ao adquirir um número maior de créditos.

As motos vão pagar EstaR?

Por enquanto não. A Urbs estuda usar o modelo no futuro apenas para motos de passeio – as de serviço, com placas vermelhas, devem ser isentas.

O número de vagas vai aumentar?

A previsão é que no futuro sejam abertas mais 3 mil vagas de estacionamento regulamentado na cidade.

Se eu pagar o EstaR Digital, o município é responsável pelo meu veículo em caso de furto?

Não há previsão para pagamento do EstaR de veículo em caso de roubo ou furto na via pública – da mesma forma como já acontecia antes da implantação do EstaR eletrônico. EstaR permite a rotatividade de vagas em ruas da cidade com grande movimento de veículos, não funciona como seguro contra crimes.