Foi na Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que o primeiro programa de casas populares do Paraná nasceu. O primeiro conjunto habitacional da capital, inaugurado em 1966, realocou famílias de 25 ocupações irregulares das regiões do Rio Belém, Santa Quitéria e Favela do Ahú.

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Com o desenvolvimento da cidade, que viu sua população triplicar, a violência e o tráfico de drogas fizeram a região se transformar numa das mais violentas da cidade. No entanto, popularidade da vila nas páginas policiais vem aos poucos ficando para trás. Inaugurado em novembro do ano passado, o Teatro da Vila vem se integrando à comunidade e cumprindo seu papel de transformar a sociedade com o incentivo à cultura. Quem faz a afirmação são os alunos do espaço, que buscam no local oportunidade de aprendizado e lazer.

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Na última quarta-feira (09), jovens da comunidade participaram da primeira aula de dança deste ano no novo espaço. No fim do ano passado, o Teatro da Vila já havia exibido sua primeira sessão de cinema de graça, segundo a mesma programação de filmes do Cine Passeio – que fica na região central da cidade.

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Quase que comendo pelas beiradas, o Teatro da Vila vai colocando em prática o potencial que um local tem para transformar a região. A aposta é no alto astral do espaço, que, segundo a coordenação, terá uma vasta programação cultural ao longo do ano – desde aulas de dança e teatro, apresentações teatrais, cinema e shows.

“Desde que inaugurou, a gente sente a procura espontânea das pessoas pela programação. Teve aluno de dança, por exemplo, que passou aqui na frente, viu o cartaz das inscrições e entrou. A ideia é, cada vez mais, ampliar essa divulgação e integrar o Teatro à comunidade”, explica João Henrique Moraes, que trabalha na coordenação do espaço.

Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná.

Dança e teatro: artes de graça

A aula de dança no Teatro da Vila é com o professor Rapha Fernandes, que tem um repertório voltado aos principais estilos de hip-hop. Ele acha que a transformação social já começou. “Eu sou da cultura hip-hop, que veio das ruas, com o grafite, o rap e a dança. Foram espaços como esse que fizeram essa cultura ser reconhecida em Nova Iorque (EUA). Eu fico feliz que, com o Teatro da Vila, esse espaço cultural tão necessário tenha chegado até aqui, com uma estrutura tão moderna como essa”, destaca o professor. 

Rapha Fernandes entende que os “talentos e inteligências” do bairro terão mais oportunidades. “Até mostrar a que vieram, para socializar com outras pessoas, poder ter uma formação cultural bacana. Entendo que o aprendizado não ficará só aqui, no palco, mas a arte será levada para a vida. Que isso ajude mais do que nunca a transformar a sociedade para melhor”, finaliza.

O discurso do professor vai sendo assimilado pelos alunos. “O espaço está aqui para fazer o povo entender um pouco mais de arte, de cultura, socializar, entender como é que funciona a comunidade. Claro, com o intuito de transformá-los em pessoas melhores, de se afastar mais de coisas incorretas, da criminalidade que possa ocorrer”, ressalta o auxiliar de produção Cristian Eslyn, 32 anos, que viu o letreiro das inscrições para as aulas ao passar em frente ao teatro. “Foi assim que entrei para conhecer e me inscrevi”.

Giovana Nicole Nunes, 14 anos. Foto: Luiz Costa / SMCS.

A adolescente Giovana Nicole Nunes, de 14 anos, fez aulas de dança no ano passado e decidiu continuar quando soube da nova programação. Ela mora no bairro há mais de um ano. “Quando inaugurou, eu pensei que seria só mais um teatro. Mas, daí, começaram a aparecer cursos e meu deu vontade de vir fazer”, a conta a jovem, que entende a diferença que o espaço pode fazer na vida dela. “É uma coisa muito boa, até para as crianças, para que consigam se libertar através da arte. Muita gente não sabe como dançar, cantar. Aqui, quem tem vontade pode aprender e, por que não, se mostrar para o mundo”, conclui.

Sessões de cinema de graça

A responsável pela programação de filmes do Cine Passeio e, agora, do Teatro da Vila, Juliana Pedrozo, diz que o local é realmente incrível. “Nossa ideia é espelhar a programação do Cine Passeio com uma oferta de títulos recentes, exibidos ou não nas salas, com temáticas atuais da sociedade. O Teatro da Vila oferece à região importante acesso à cultura de ações disponíveis, até então, em regiões centrais da cidade. É uma grande oportunidade de descentralização e formação de público”, comemora.

João Henrique explicou que, por enquanto, não é preciso ingresso para as sessões de cinema. Basta ir até o local nos horários programados para os filmes. As sessões são de graça. “Estamos apostando numa programação para o período do fim da tarde, com o objetivo de atrair mais público. Aos poucos, tenho certeza de que vamos lotar as poltronas de cinema e receber cada vez mais alunos nas atividades artísticas. A expectativa é só avançar, inclusive com a infraestrutura”, diz.

A Fundação Cultural de Curitiba exibirá toda sexta-feira e sábado os filmes selecionados. Os ingressos devem ser retirados uma hora antes na bilheteria. As exibições são sempre às 19 horas, com produções nacionais e internacionais recentes, que ainda não passaram em TV aberta.

Hip-hop às quartas

As aulas de dança voltaram na quarta-feira desta semana. As atividades ocorrem sempre neste dia, das 15h às 16h30. As inscrições ainda podem ser feitas. Para participar basta ter mais de 7 anos e comparecer diretamente ao teatro.

O Teatro da Vila fica na Rua Davi Xavier da Silva, 451. O auditório do teatro recebe o nome de Tarcísio Meira, em homenagem ao ator brasileiro que ganhou um mural na recepção do espaço.

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