Diagnosticado há 29 anos com diabetes mellitus, o comerciante Antonio Braznick Junior, de 46 anos, morador de Cerro Azul, cidade que administrativamente pertence à Região Metropolitana de Curitiba, percebeu que precisava se preparar para ter autonomia quando começou a perceber os primeiros sinais da perda da visão. Isso ocorreu há aproximadamente três anos e meio. Sozinho, há cerca de um ano, ele desenvolveu um dispositivo que dá a ele autonomia de aplicar insulina na quantidade precisa.
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Antonio desenvolveu a cegueira em decorrência da complicação da diabetes, o excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos da retina e causa a perda de visão. Hoje, o comerciante tem apenas 25% da visão do olho esquerdo, e a cegueira do lado direito é total. “Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa, ter mais autonomia. Afinal, minha esposa e meus filhos nem sempre estavam junto comigo”, explicou o deficiente visual.
Todos os dias, seu Antonio aplica duas doses de insulina. Quando ainda tinha baixa visão, ele media a quantidade certa a ser aplicada usando os dedos. “Eu sabia que 50 unidades dava mais ou menos quatro dedos e que 20 seriam a medida de dois dedos. Até que nas últimas aplicações eu estava consumindo a mais, meus dedos já não me davam mais segurança”, comentou.
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Com medo das possíveis complicações por causa da automedicação incorreta, Antonio improvisou um protótipo para que a medição do medicamento seja correta. Para isso usou um pedaço de uma caixa de leite. O dispositivo é encaixado na seringa e marcações táteis dão a noção da quantidade de insulina a ser aplicada. O modelo, com o tempo, foi sendo aprimorado e ganhou protótipos feitos com impressão 3D.
Modelo patenteado
O filho do deficiente visual, o estudante de Física Diego Spinard Braznick, de 23 anos, viu potencial na ideia do pai e, com a ajuda de colegas da universidade, montou um projeto para que o protótipo seja modelado por impressão 3D. “Como o dispositivo que ele criou com a caixa de leite se deteriorava, eu e mais um colega desenvolvemos um modelo em impressão 3D. Ficou fantástico”, relatou o estudante. Com o projeto criado num programa de computador, o protótipo recebeu várias adaptações.
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O projeto segue em processo de patente com a ajuda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em julho desse ano, a ideia de Antonio foi apresentada no Congresso de Medicina de Família e Comunidade, em Cuiabá. Quem apresentou o projeto Toti de Insulina foi a médica Júlia Feldmann Uhry, a profissional da Unidade de Saúde Carlos Jess, de Piraquara, que acompanha a saúde de Antonio. Apesar de morar em Cerro Azul, ele se trata em Piraquara, também na região de Curitiba.
“É uma coisa fantástica que não deveria ficar só em Piraquara. Ele criou algo em cima da própria deficiência e pode facilitar a vida de outras pessoas com a mesma dificuldade – não só para cegos como idosos e até cuidadores que tem dúvidas da quantidade exata”, salienta a médica. Júlia pretende não deixar o projeto parado e aposta num estudo aprofundado do assunto. “Pensei em conversar com algum laboratório de endocrinologia, ou com uma empresa que queira testar, para ser se há segurança no uso do equipamento”, afirmou.
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