“Nós somos ameaçados o tempo todo. Há 300 anos, a gente sofria preconceito e isso voltou. Estamos cansados, o diabo não mora aqui”, desabafou Lucília Guimarães, dirigente do terreiro Pai Maneco, maior templo de Umbanda de Curitiba, que amanheceu nesta quinta-feira (29) cheio de pedras embaladas em papel com mensagens religiosas. A Polícia Civil foi nesta manhã na sede do templo, localizado no bairro Santa Cândida, para ter acesso às câmeras de segurança.
Esse tipo de ameaça tem se tornado constante em terreiros de Curitiba. Em novembro, no próprio Pai Maneco, mensagens via aplicativos ou mesmo diretamente na sede com algum tipo de provocação já teria ocorrido. “Em novembro tivemos situação semelhante, e trata de um psicopata. Não sei ainda quantas pedras foram arremessadas, pois não contei, pois são várias. Na verdade, acho que nem foi para atingir o terreiro, pois não alcançaria da rua até aqui. Trata-se de intolerância religiosa, pois quem joga pedras enroladas em mensagens evangélicas está disposta a tudo”, disse a dirigente.
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Umbanda não significa algo ruim!
Questionada sobre essas ameaças, Lucília declarou que está na hora dos líderes religiosos explicarem que Umbanda não significa algo ruim. “Tá na hora dos líderes religiosos das Igrejas Evangélicas pararem de dizer que os terreiros de Umbanda são coisas do diabo. Quando se coloca isso na cabeça de pessoas ignorantes, ocorre isso. Nós somos ameaçados o tempo todo. Deveria ter um esclarecimento sobre isso à população, o diabo não mora aqui”, completou Lucília.
Além das pedras arremessadas, a fiação do terreiro foi furtada. No entanto, não se sabe se tem relação ao fato ocorrido nas últimas horas. Ninguém saiu ferido.