As obras de engorda na orla de Matinhos, no Litoral do Paraná, continuam e os impactos positivos no turismo da região são sentidos aos poucos, antes mesmo da conclusão de todo o projeto, que deve durar cerca de 30 meses, já incluindo a finalização do paisagismo e calçadão à beira-mar. Na quinta-feira (28), a Tribuna acompanhou o início da construção do primeiro espigão que ficará no Pico de Matinhos, na área lateral da Praia Brava. A engorda da faixa de areia já utilizou um milhão de metros cúbicos de areia em 1800 metros de extensão, do Canal da Avenida Paraná até o Pico de Matinhos.

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O bate-papo com comerciantes de Matinhos indicou uma resposta positiva sobre as melhorias que as obras da orla prometem trazer no futuro. Apesar de haver uma concordância de que os transtornos iniciais existem, como a interdição de praias e movimentação diária de máquinas e homens trabalhando, no geral, a grande maioria dos moradores e comerciantes entrevistados pela reportagem concorda que benefícios já são sentidos na economia da cidade.

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A vendedora Sara Alves, 22 anos, que trabalha no Mercado Municipal de Pescados, conta que já houve um aumento de movimento de turistas nos finais de semana, tanto de Curitiba quanto de Santa Catarina. “A gente percebeu que tem descido muita gente para cá. Isso fez uma diferença nas vendas. A curiosidade das pessoas já tem sido grande pelas obras. Tem o transtorno inicial, não dá pra ir na praia, parece que todos querem ver como ficou. Isso atrai. Querendo ou não, a gente depende dessas visitas para vender os pescados. Então, a gente fica feliz”, explica a vendedora.

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Ainda conforme ela, a curiosidade não atinge só os visitantes, mas quem mora por ali também. “Eu moro para o lado de Caiobá. Toda vez que eu venho trabalhar pela praia, vejo que engorda ficou muito legal. Antes, a gente dava dois passos já estava na água. Agora, você tem que andar um monte para chegar no mar. Bem bacana”, diz a Sara Alves.

Os próprios pescadores aguardam o fim das obras com ansiedade. Atualmente, para guardar os barcos, eles tem que ir quase até o asfalto da rua, porque não tem praia quando vem a maré. “Vai melhorar 100%, mais espaço, guarda dos barcos será mais bacana. Melhora tudo”, aposta o pescador Adail João Pinto, 64 anos, presidente da Colônia de Pescadores de Matinhos.

A colônia tem cerca de 2 mil pessoas, contando as famílias. São 72 barcos. “Para nós, é um desejo a realização dessa obra desde o início dos anos 2000. Isso vai trazer o turista para valorizar o nosso peixe, que está baixo. Então, a renda familiar deve aumentar. Isso o ano inteiro de movimento”, aponta.

O movimento de turistas também é esperado pelos hotéis. Paulo Fabricio Gusso, 41 anos, gerente do Hotel Praia e Sol, próximo ao calçadão do comércio, diz que o movimento já está bom com o início das obras. “Como está movimentando a orla, o comércio já está mais ativo. A gente sente isso porque trabalha com muitos representantes comerciais. E a expectativa para a vinda de turistas, agora e no futuro, é ótima também”, diz o gerente.  

Obras vão até quando?

A previsão de finalização das obras da orla, já contando o término do paisagismo e calçamento, deve durar cerca de 30 meses. Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Everton Souza, a liberação das praias interditadas deve começar na temporada de verão.

“O momento é muito favorável para se fazer o engordamento. Estamos vivendo o inverno. Hoje, temos um fluxo muito pequeno de pessoas que querem acessar a praia. A previsão sobre o engordamento é concluí-lo em novembro, ou seja, coincidindo com o começo do nosso verão”, afirmou o secretário em entrevista para a Tribuna.