Familiares do jovem Everton Luiz Vaz, 27 anos, que sofreu um acidente de trânsito em Rio Branco do Sul, em 15 de janeiro, e permanece em coma induzido, querem justiça. O veículo em que Everton estava foi totalmente destruído ao ser atingido por uma caminhonete F-250. Segundo os familiares da vítima, o condutor abandonou o veículo, fugiu do local sem prestar socorro à vítima e apresentaria sinais de embriaguez.

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Conforme o boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar, a caminhonete está no nome do vereador Cezar Gengis Khan Johnsson. “O motorista que dirigia é o filho do vereador, que também é sobrinho do prefeito do município.

Testemunhas afirmam que esse rapaz estava dirigindo e fugiu. Essas testemunhas também viram outro homem vir até a caminhonete e tirar três garrafas de cerveja do carro antes que a polícia chegasse”, disse Edson Luiz Soares Vaz, pai da vítima.

No entanto, ele e sua esposa Dirlene de Fátima Zampieri sentiram muita dificuldade para abrir o inquérito de investigação do caso e estão preocupados. “Eu fui até a delegacia no dia 17, dois dias após o acidente, para saber se havia sido instaurado inquérito policial e a resposta foi negativa. Tentei protocolar várias vezes o pedido, mas no dia 18 o delegado e o escrivão também não atenderam. Dia 19 eu voltei à delegacia, mas eles não se encontravam e os policiais que estavam lá se negaram a protocolar o pedido”, afirmou a mãe.

Demora

Segundo Edson, a demora para conseguir atendimento pode fazer com que o veículo do vereador seja liberado sem realização do laudo pericial e isso prejudicaria as investigações. “Eles podem fazer reparos para encobrir provas importantes para a elucidação do processo criminal”.

Por isso, eles decidiram protocolar o pedido diretamente na 1.º Promotoria do Ministério Público de Rio Branco do Sul. “Fomos ao MP na quinta-feira, dia 19, e eles nos falaram que encaminhariam o ofício para a delegacia já na sexta-feira, 20. Mas o documento foi enviado somente no dia 24 porque falaram que faltava uma assinatura. O promotor tinha assinado no dia, então não sabemos o que aconteceu para demorar tanto”, informou o cunhado da vítima, Paulo Roberto Filho.

Carro de Everton ficou destruído após a batida. Jovem está internado em coma e família está na bronca com a Polícia. Foto: Arquivo Pessoal.

“É igual pra todos”, diz delegado

O MP confirmou o envio do ofício para a delegacia local no dia 24, mas não passou mais informações a respeito do caso. Já o delegado Osmar Neves Feijó, da Delegacia de Polícia Civil de Rio Branco do Sul, garante que só tomou conhecimento da situação após o comunicado do MP. “Os familiares não falaram comigo, eu não sabia a respeito da situação. Agora, já entramos em contato com os parentes para que eles venham registrar o boletim de ocorrência conosco e passem todos os dados para que possamos analisar se será aberto inquérito ou termo circunstanciado”, afirmou.

Isenção

Segundo ele, o inquérito será aberto assim que for comprovada a gravidade da lesão e a omissão de socorro. “Isso independente de quem seja o dono do veículo ou condutor porque o procedimento é igual para todos”, pontuou. Depois desse registro, ele explica que o proprietário do veículo será intimado imediatamente para apresentar o condutor e serão reunidas todas as informações de vítimas, parentes e testemunhas para verificar se há necessidade de perícia.

Difícil comprovar

No entanto, ele adianta que será muito difícil comprovar que o condutor estava embriagado se ele realmente fugiu no momento do acidente antes de a Polícia Militar ter chegado ao local. “Assim, não haverá constatação por militares e teremos que ouvir as testemunhas em busca de provas”, pontuou.

Silêncio

A Tribuna entrou em contato com o vereador Cezar, conhecido na cidade como Gen Jhonsson, mas foi informada de que ele está em recesso e só volta ao trabalho dia 15 de fevereiro. A equipe também tentou falar com o assessor do vereador e ligou diversas vezes, mas não recebeu resposta.

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