A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Paraná (OAB-PR) recebeu denúncias de moradores do Uberaba, sobre a suspeita de tortura e racismo, por parte de policiais militares, contra um jovem de 18 anos, no sábado. O rapaz, que trabalha como servente de pedreiro e tem uma deficiência física na perna, ficou desaparecido por cinco horas e foi encontrado por familiares, no 8.º Distrito Policial, com a assistência de uma advogada. O bairro está ocupado pela polícia para a instalação da Unidade Paraná Seguro (UPS). Porém, o comando da PM, que já afastou os envolvidos, afirma que a abordagem ocorreu no Cajuru.
O jovem passou por exames no Instituto Médico Legal. De acordo com a vice-presidente da comissão, Isabel Mendes, ele apresentava marcas de queimaduras nos braços e na barriga, e relatou ter sofrido choques em várias partes do corpo, inclusive nos genitais, pontapés e pancadas na cabeça. Teve a cabeça coberta com saco plástico e ouviu ofensas racistas.
Suspeito
O morador disse não saber o motivo da abordagem e afirmou que não tem passagens pela polícia. “Teria acontecido um assalto na região e os policiais detiveram o rapaz”, esclareceu Isabel. Ele foi colocado no camburão e levado para casa, em busca de arma ou evidências do assalto. “Se tivesse um policial negro na viatura, duvido que fariam o mesmo”, disse a dona da casa onde o jovem mora.
Isabel esteve na Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e repassou o caso à secretária Maria Tereza Uille Gomes. “O jovem faz parte de uma família de baixíssima renda, que conseguiu juntar dinheiro para chamar uma advogada. Os parentes encontraram o rapaz na delegacia e a advogada conseguiu tirá-lo de lá. Ele foi ouvido (suspeito do suposto assalto a uma casa no Cajuru) e examinado”, explica Isabel.
“Lamentamos tudo isto. A OAB acredita que a UPS seja um bom projeto. Mas acontece um episódio como este logo de cara que pode colocar em risco seu sucesso”, considera Isabel.