O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou neste domingo (4), durante ato em Curitiba, que vai “lutar até o fim” para reverter a decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que anulou o registro de sua candidatura. Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-procurador da Lava Jato afirmou que “não quer viver em um país que tem um corrupto na Presidência”.
LEIA MAIS – Curitiba recebe manifestação a favor de Deltan Dallagnol e contra a corrupção
“Eu não quero viver num país que tem um corrupto na presidência e que quem combate a corrupção corre risco de ir para a cadeia. Eu não quero viver num país em que um amigo do presidente é colocado no Supremo Tribunal Federal. Não por suas qualidades, mas por fidelidade”, disse Deltan em referência a indicação de Cristiano Zanin para o STF, advogado que atuou nos processo de Lula na Lava Jato.
Ainda de acordo com Deltan Dallagnol, o ato desta tarde em Curitiba “encheu seu coração de esperança” para ele lutar para manter o seu mandato na Câmara dos Deputados. “Eu vou lutar até o fim por esses 344.917 votos que vocês me deram para ser a voz de vocês. Me aperta o coração o fato de tanta gente boa, tanta gente honesta, tanta gente competente está ficando órfã de representatividade no Congresso Nacional”, completou Dallangol.
LEIA AINDA – Pinhais abre inscrições para seleção PSS com 189 vagas e salários de até R$ 18,4 mil
“Eu quero dizer para vocês que eles podem ganhar ou a gente pode ganhar. Eu não sei o que você vai fazer, mas eu vou dizer o que eu vou fazer: eu vou lutar eu vou lutar até o fim. Várias pessoas ao longo da Lava Jato me pediram: ‘não desista nós precisamos de pessoas como você’. Agora sou eu que quero pedir para vocês: não desistam!”, disse.
Em declaração à Gazeta do Povo pediu para que o seus apoiadores busquem a Mesa Diretora da Câmara para que a decisão do TSE seja revista pelos deputados. Apesar da decisão da Corte, cabe à Mesa dar a última palavra sobre o mandato de Dallagnol.
Na semana passada, o ex-procurador da Lava Jato entregou sua defesa à Corregedoria da Casa, junto com a assinatura de apoio de 116 deputados federais. Caberá à corregedoria elaborar um parecer a ser votado pela Mesa Diretora.
“Agora a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados ainda pode se erguer como heroína da democracia e pode corrigir essa injustiça. Eu só posso pedir uma coisa agora para as pessoas. Falem com a Mesa Diretora. Mandem mensagens educadamente e defendam esses votos, defendam a democracia e defendam soberania popular. Nós não vamos desistir dos nossos votos e da nossa democracia”, disse o deputado.
Apoiadores de Dallagnol se reuniram no centro de Curitiba
A concentração dos apoiadores de Deltan Dallangol ocorreu na Boca Maldita, no centro de Curitiba. Os manifestantes foram às ruas reivindicando contra a corrupção e cassação do mandato do parlamentar.
“Eu quero dizer para vocês que eu ouvi essa palavra impossível várias vezes na minha vida. Disseram que era impossível colocar bandidos na cadeia, e nós juntos colocamos. Disseram que era impossível recuperar dinheiro desviado do Brasil, e nós recolhemos mais de R$ 15 milhões. Disseram que era impossível responsabilizar os maiores corruptos do nosso país, e nós acusamos mais de 500 condenamos mais de 670 e mais de 100 foram presos. Disseram que era impossível fazer o povo se interessar por política e nós vemos hoje aqui uma multidão”, disse Dallangol aos seus apoiadores.
Além de milhares de curitibanos, deputados, senador e vereadores e também marcam presença no ato que teve início às 15h.
Toffoli será o relator do pedido de Deltan Dallagnol no STF
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), será o relator do pedido da defesa do deputado Deltan Dallagnol para suspender os efeitos da impugnação do registro de candidatura. Além da Mesa Diretora da Câmara, o parlamentar recorreu ao STF contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A escolha do relator foi feita por meio de sorteio. Não participaram os ministros que integram o TSE: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Kassio Nunes Marques.
A defesa afirmou que o parlamentar é “personagem atualmente polêmico do cenário político brasileiro”, pois colecionou uma série de “inimizades” ao longo de sua atuação como procurador da Lava Jato. Além disso, os advogados alegam que o TSE contrariou “preceitos constitucionais fundamentais”.
A Justiça Eleitoral anulou o registro de candidatura de Deltan e, em consequência disso, ele perdeu o mandato na Câmara dos Deputados. O ex-procurador da Lava Jato, no entanto, não foi considerado inelegível para eleições posteriores. Na prática, o objetivo da defesa é que o STF assegure que ele permaneça no cargo até que a disputa jurídica na Justiça Eleitoral tenha uma decisão definitiva.