“Em 40 anos de estrada eu nunca vi isso. Só deu tempo de sair do carro, avisar as pessoas e largar tudo para salvar vidas”. Esse foi trecho do relato do curitibano Juarez que estava na BR-101, no trecho em Palhoça (SC), quando um caminhão tanque carregado de etanol tombou, na tarde de domingo (06). A entrevista foi exibida nesta segunda-feira (07) no jornal do Meio Dia da RPC.
A pista ficou interditada por mais de 15 horas, cinco pessoas ficaram feridas e ao menos 21 carros e três carretas foram atingidos pelo fogo. “Foi um susto muito grande. Estávamos parados no trânsito quando veio um caminho e tombou na nossa frente. Tentei fugir, mas tudo preso, só deu tempo de descer do carro e avisar as pessoas. Eu vi o líquido escorrer e logo em seguida a labareda. Foi um momento muito difícil”, disse Juarez que dirigia o terceiro carro que estava parado na fila.
Na entrevista para a RPC, ele contou que primeiro saiu do carro, foi para a lateral da pista, mas viu que o fogo começou a descer na canaleta, então voltou e resolveu largar tudo e sair dali. Como a maioria das pessoas estavam paradas, ainda sem saber o que estava acontecendo, ele e o amigo – com quem viajava – saíram alertando as pessoas para deixarem o local porque estava pegando fogo.
“Ninguém teve atitude nenhuma, todo mundo parado. A gente teve uma presença de espírito na hora. Saímos batendo nos vidros, falando para as pessoas saírem dos carros porque o fogo estava descendo na canaleta. Era criança chorando porque teve que deixar coisas no carro, mulher perdida de marido, depois foram se encontrando. Não teve nenhuma assistência. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) falou pra ir a pé mesmo, a Arteris não ajudou. Tivemos que andar até um ponto de apoio e daí fomos resgatados por um amigo. Foi caótico”, contou o surfista que tinha ido para região de Garopaba (SC), onde costuma surfar.
+ Assista ao vídeo do acidente.
Curitibano revela que perdeu vários objetos em acidente grave na BR-101
Passado o susto e olhando as imagens, Juarez questiona quem vai pagar o prejuízo. “Como vou recuperar tudo que perdi que estava dentro do carro? Prancha, óculos, roupas. Meu amigo também teve prejuízo. Graças a Deus estamos vivos. Ficamos na estrada, andando a pé, descalço. Estava muito quente. Tinha trecho que não podia passar, tivemos que pedir carona. Não teve apoio, assistência da concessionária, nem da PRF, ficamos largados. Perdemos tudo dentro do veículo. De quem nós vamos cobrar o prejuízo?” questionou o curitibano.
O acidente aconteceu por volta das 13h30 de domingo, na BR-101, que é continuação da BR-376, que liga Paraná e Santa Catarina. O motorista da carreta tombada e a esposa tiveram queimaduras nos braços e pernas. Eles foram levados para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Pinheira, em Palhoça. Ele teve 30% do corpo queimado e ela 20%.
Conforme a PRF, a cabine do caminhão-tanque foi completamente incendiada, o que resultou na destruição do tacógrafo — equipamento que registra a velocidade do veículo. A PRF fará um lauto pericial de acidente de trânsito (LPAT) para investigar o caso.
