Aglomeração na pandemia

Curitibana posta que está com covid-19 após ir a festa com 150 convidados no interior

Foto ilustrativa: Unsplash

Uma festa com 150 pessoas sábado (9), em pleno período em que as autoridades de saúde orientam a população a evitar aglomerações, virou motivo de preocupação em Prudentópolis, cidade de 50 mil moradores na região centro-sul do Paraná. Isso porque uma das convidadas, que mora em Curitiba, postou em uma rede social ter testado positivo para coronavírus. O município ainda não tem nenhum caso confirmado de covid-19.

O caso virou não só de vigilância sanitária, com a Secretaria Municipal de Saúde de Prudentópolis tentando encontrar e monitorar os 150 convidados da festa para ver se também estão contaminados. Virou também caso de polícia, a exemplo de três festas durante a pandemia que estão sendo investigadas em Curitiba. A Polícia Civil já começou a investigar a festa em Prudentópolis para averiguar crimes contra a saúde pública.

Procurada pela reportagem da Tribuna, a convidada de Curitiba que postou estar com coronavírus não quis dar maiores detalhes da situação. “As informações devem ser procuradas na Secretaria de Saúde. Quando achar o momento, eu vou falar”, disse a mulher.

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Mesmo assim, em um vídeo postado em uma mídia social, ela se defende da acusação que vem sofrendo de que teria levado o vírus para Prudentópolis. “As pessoas estão falando que eu levei o vírus de Curitiba para Prudentópolis. Só que eu estava em Prudentópolis há um mês e meio. Eu cheguei em Curitiba segunda-feira (11) e fiz o exame quarta-feira (13). Fui fazer os meus exames de rotina e aproveitei para fazer o exame do coronavírus. Não esperava por isso”, defende-se na postagem.

Por ter ficado mais de um mês na cidade do interior, ela acredita, na verdade, que tenha se contagiado lá – o que pode ter acontecido na festa. “O meu reagente deu o IGM e não IGG, o que quer dizer que eu peguei há poucos dias. Isso quer dizer que eu peguei em Prudentópolis”, diz a moça e conclui a postagem com um alerta. “Quem esteve em contato comigo, se cuide e fique em isolamento. Vou ficar isolada por 14 dias e depois refazer os exames”, prosseguiu. 

O que diz a prefeitura de Prudentópolis

O secretário de saúde de Prudentópolis, Marcelo Hohl Mazurechen, não quis responder aos questionamentos da Tribuna. Mas a Secretaria Municipal de Saúde enviou uma nota dizendo que ainda não irá contabilizar o caso como confirmado, já que o exame não foi feito no município, dentro das estruturas oficiais. 

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“O exame apresentado não foi realizado em laboratório oficial e não é automaticamente aceito como prova da detecção do novo coronavírus dentro do protocolo estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde. Sendo que para confirmação inequívoca da detecção do vírus está sendo providenciado novo exame de contraprova”, explica o órgão responsável.

“Até que se tenha a notícia oficial do resultado de um novo exame, todas as pessoas que tiveram contato com o possível caso suspeito estão sendo monitoradas e notificadas para quarentena obrigatória em isolamento domiciliar por 14 dias”, prossegue a nota. 

Festa virou caso de Polícia

A Delegacia da Polícia Civil em Prudentópolis abriu investigação da festa com 150 pessoas em plena pandemia, quando as pessoas só deveriam sair de casa em casos essenciais, como comprar comida. O delegado responsável pela investigação, Rodrigo Cruz dos Santos, explica que não se trata de uma balada clandestina, como as que estão sendo investigadas em Curitiba, mas sim de uma celebração sem fins lucrativos.

Segundo o delegado, só o fato de a festa ter acontecido durante a pandemia já é considerado crime, mesmo que não haja nenhuma pessoa infectada pelo coronavírus. O nome do organizador e de vários participantes já estão com a polícia.

“Determinei que fosse confeccionado um boletim de ocorrência. Por causa da suspeita de contaminação, vamos esperar os 14 dias para começar a intimar as pessoas para depor. Me parece que vão fazer um novo teste na moça, mas independente do resultado, o crime já foi praticado. Foi infringido a determinação do poder público de impedir a introdução e propagação de doenças contagiosas”, explica o delegado.


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