Curitiba terá mais nove importantes vias com velocidade máxima reduzida de 60 km/h para 50 km/h neste começo de 2022. Até fevereiro, a Superintendência de Trânsito (Setran) pretende reduzir o limite nas seguintes ruas:

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*Fernando de Noronha
*Julia Wanderley
*Francisco Albizu
*Filósofo Humberto Rohden/Tijucas do Sul

*Tapajós
*24 de Maio
*Alferes Poli
*Lamenha Lins
*Washington Mansur

Atualmente, 15% das vias curitibanas já operam com o limite de 50 km/h. Em apenas duas vias o motorista pode trafegar no limite de velocidade mais alto permitido na capital, de 70 km/h: a Linha Verde e a Avenida Comendador Franco – a popular Avenida das Torres. A maioria das ruas, em torno de 79%, roda dentro do conceito de Área Calma, em que o limite fica apenas entre 30 km/h e 40 km/h.

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Para reduzir a velocidade nas ruas, a prefeitura se apega aos números. A redução para 50 km/h, de acordo com especialistas em trânsito, não só ajudou a reduzir o número e a intensidade dos acidentes como, ao contrário do que muitos motoristas curitibanos reclamam, não atrapalha a fluidez do trânsito.

Dados do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (Bptran) apontam que o número de acidentes em Curitiba caiu 17,43% desde que o limite de 50 km/h se tornou padrão. Foram 3.996 acidentes entre março e dezembro de 2021. No mesmo período de 2020, foram 4.840.

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Os números de mortes e feridos no trânsito também caíram. Entre março e dezembro de 2020, o Bptran registrou 45 mortes no local do acidente, contra 43 no mesmo período do ano passado – redução de 4,44%. Vale destacar que no caso das Áreas Calmas, onde a velocidade não pode ultrapassar 40 km/h, o Batalhão de Trânsito não registrou nenhuma morte ao longo de todo o ano de 2020 e 2021.

Mas é no volume de feridos que a redução fez mais diferença. Enquanto que entre março e dezembro de 2020 foram 3.689 vítimas do trânsito que precisaram de atendimento médico, esse volume caiu para 3.002 no mesmo período de 2021, uma queda de 18,62%.

Alívio nos hospitais

O principal impacto da velocidade reduzida é nos hospitais de Curitiba, em especial nos prontos-socorros. A redução do limite de velocidade diminuiu a gravidade dos acidentes, e, consequentemente, dos traumas.

Em termos de gestão pública, ter menos acidentes resulta em menor ocupação de leitos hospitalares por pacientes graves, perfil dos politraumatizados vítimas de acidentes, que chegam a ficar meses internados ou em tratamento. Com menos pacientes ocupando leitos, há mais vagas abertas para internamentos de pacientes com outras enfermidades.

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“A 50 km/h, a pessoa pode ter uma fratura de perna, por exemplo. O que até pode precisar de cirurgia, mas o paciente fica menos tempo internado, não precisa de UTI, não é intubado e dificilmente tem sequelas. Ou seja, retoma à vida normal em poucos dias”, explica o diretor de Urgência e Emergência de Curitiba, o médico intensivista Pedro Henrique Almeida .

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério da Economia, atualizado em 2020 aponta que o custo total entre remoção, hospitalização e tratamento de uma vítima de acidente com ferimento leve no Brasil é em média de R$ 8,4 mil. No caso de um ferido grave do trânsito, esse custo aumenta 16 vezes: vai para R$ 141,1 mil.

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“A energia do choque é diretamente proporcional à velocidade do veículo no momento da colisão. Ou seja, quanto mais rápido, maior a intensidade do trauma e também do risco de morte”, explica o médico da prefeitura. “Esse custo na saúde na verdade é social, porque além de gastos com hospital, a pessoa pode ter sequelas que a afastem do trabalho por meses ou mesmo que a deixem inválida, precisando de uma pensão precoce”, completa Almeida.

Foto: Albari Rosa/Foto Digital

50 km/h não deixa o trânsito lento

Professor de Segurança Viária do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o engenheiro civil Jorge Tiago Bastos afirma que Curitiba tomou a decisão correta ao adotar o limite de 50 km/h. “Essa medida não só segue diretriz da Organização Mundial de Saúde de reduzir os limites nas vias urbanas, como da Lei Federal 13.614, de 2018. Ambas têm como meta diminuir mortes e lesões no trânsito”, enfatiza o especialista.

Aos motoristas que reclamam que o trânsito de Curitiba ficou mais lento com a redução do limite de velocidade, o professor da UFPR enfatiza que estudos provam o contrário, que o impacto é mínimo. “Há um estudo australiano que mostra que a economia de tempo ao exceder o limite de velocidade em uma área urbana é de 20 segundos por dia, o equivalente a 2 minutos por semana. Ou seja, não muda nada a vida do motorista”, cita o especialista.

Bastos enfatiza que o ganho de tempo que o motorista tem ultrapassando o limite de velocidade em trechos urbanos é tão pequeno que se dissipa rapidamente ao longo do próprio trajeto. “O trânsito urbano tem muitas intersecções, é constantemente interrompido. São semáforos, bloqueios ou mesmo o tempo de espera em que o motorista da frente estaciona o carro. Então o ganho de tempo que o motorista tem acelerando em um trecho ele perde rapidamente já na esquina seguinte”, explica.

O professor de Segurança Viária da UFPR destaca ainda que, além de não perder tempo, o motorista economiza combustível com o limite de 50 km/h em Curitiba. Como a velocidade é constante, sem variação brusca na aceleração, o veículo acaba consumindo menos combustível. “É um ganho para o bolso do motorista e para o meio ambiente, com menos emissão de poluente”, complementa.

Na ponta do atendimento, as equipes do Bptran também confirmam que a redução de velocidade diminuiu os acidentes e não atrapalhou a fluidez dos veículos em Curitiba. “A obrigatoriedade da manutenção de uma velocidade média trouxe, sim, redução de acidentes, como também acabou oportunizando uma melhor fiscalização por parte dos agentes de trânsito”, confirma a tenente Fernanda Andrade Santos, relações-públicas do Batalhão de Trânsito da PM.

A policial do Bptran usa uma metáfora para explicar como a adoção de 50 km/h não deixou o trânsito da capital mais lento. “Pense nos veículos como grãos de arroz passando por um funil, que seria a rua. Quando não há limite de velocidade, todos os grãos vão ao mesmo tempo para a boca do funil, o que acaba entupindo a saída, o que deixa a passagem lenta. Mas se os grãos de arroz forem dispensados de forma controlada, a passagem do arroz será contínua, sem bloqueio no funil. Portanto, mais rápida”, ilustra a tenente Fernanda.

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