Mesmo bandeira vermelha de alerta máximo de transmissão de covid-19 em Curitiba, manifestantes realizam um protesto neste sábado (29), com pauta principal o pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre as reivindicações dos manifestantes também estavam a aceleração da vacina, pedidos para valorização da saúde e da educação, pedidos para a continuidade do auxílio emergencial de R$ 600 e o fim da violência contra a população negra.
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O protesto contra o governo de Jair Bolsonaro acontece em diferentes capitais e cidades pelo país. Em Curitiba, a concentração começou por volta das 15 horas, na Praça Santos Andrade, em frente às escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná. Mesmo com o pedido de distanciamento social feito pelos organizadores, os manifestantes se aglomeram, desrespeitando as medidas de combate à pandemia.
Por volta das 18 horas, os manifestantes saíram da Praça Santos Andrade e começaram a caminhar pela Rua Marechal Deodoro e depois pelo calçadão da Rua XV. Até o começo da noite, não havia nenhum registro de ocorrência pela Polícia Militar.
Estão mobilizados grupos como movimentos estudantis, sindicatos e sociedade civil. Além da capital, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa e Maringá, no Interior do Paraná, estão entre as cidades que tiveram protestos.
Em Curitiba, durante toda a manifestação, as pessoas presentes utilizam máscaras, álcool em gel. Essas atitudes, segundo a Larissa Souza, 23 anos, presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), também significou uma forma de protesto, já que o presidente Bolsonaro costuma aparecer sem máscara em eventos que tem promovido. “Até porque o objetivo é se diferenciar das outras manifestações que não tomam esses cuidados. Aqui, estávamos com cerca de 600 máscaras para serem distribuídas, caso alguém não trouxesse, e tivemos uma comissão de distanciamento, além do álcool em gel”, disse.
Protestos pelo país
Na manhã deste sábado (29), houve atos em capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Recife. Em São Paulo, o protesto iniciou no começo desta tarde. A expectativa da organização é que atos semelhantes aconteçam até o final do dia em cerca de 200 cidades, incluindo as 27 capitais.
As manifestações, que foram alvo de críticas por acontecerem presencialmente em meio à pandemia da Covid-19, são realizadas num momento em que o país ultrapassa 450 mil mortes pela doença, sendo 2.418 registradas em 24 horas. Pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, têm ocupação acima de 90% dos leitos de UTI.
O dilema entre o discurso pró-isolamento social e o incentivo a aglomerações resultou em diferentes níveis de participação. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não convocaram seus integrantes institucionalmente, embora não impeçam a ida.
PT, PSOL, PC do B, PCB, PCO e UP declararam apoio à iniciativa e dispararam chamados para os militantes, mas ressaltaram que a organização é de responsabilidade de frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos (que congregam dezenas de entidades).