Aos 82 anos, Ruth Sass vai dirigindo para os compromissos, busca a filha no trabalho e não tem dificuldade para pegar o trânsito. Ela é um dos 239.726 condutores com mais de 60 anos que trafegam por Curitiba diariamente.

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“Ninguém nunca reclamou enquanto eu dirigia”, brinca ela, que, mesmo sendo uma motorista exemplar, prefere não dirigir em rodovias e deixou de ir de carro para os bairros mais distantes.

“Tenho colegas que deixaram de dirigir quando ficaram mais velhos. Alguns porque têm dificuldade de audição, outros não gostam da agitação do trânsito ou os filhos deles não deixam mais”, explica Ruth. Devido à idade, muitos optam pelo transporte público, pelos carros de aplicativo ou por fazer pequenos trajetos a pé.

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Assim como faz Ruth, a atenção no trânsito deve ser redobrada com o passar dos anos, tanto para condutores quanto para pedestres e passageiros. Essa é a orientação da coordenadora de projetos da Escola Pública de Trânsito da Prefeitura (EPTran), Patrícia Bastos.

“A idade pode prejudicar a mobilidade, força, acuidade visual e capacidade auditiva dos motoristas e pedestres. Muitas vezes, não somos capazes de perceber essas limitações sozinhos, mas precisamos sempre observar os sinais e, reforço, redobrar a atenção”, diz a agente da EPTran.

De acordo com o censo de 2010, os idosos correspondem a 11,3% da população curitibana. E segundo o Detran-PR, eles já são em torno de 20% dos motoristas na capital paranaense em 2021.

“Nós precisamos dar atenção para essa faixa etária, porque são grupos que estão muito presentes no trânsito, principalmente como pedestres”, avalia Patrícia.

Atenção na canaleta

De acordo com a coordenadora de projetos da EPTran, os idosos são as maiores vítimas por atropelamento nas canaletas de ônibus e muitos insistem em não atravessar a rua na faixa de pedestre. O recomendado é que, ao descer do ônibus, caminhem até um cruzamento e esperem a saída do veículo, para então atravessar a rua.

Ao andar pelas calçadas e ruas, os idosos devem escolher um sapato que favoreça a caminhada, para evitar tropeços e escorregões. Também é importante que a travessia aconteça preferencialmente na faixa de pedestres ou em linha reta e sem interrupções.

“A travessia começa na calçada. Primeiro, é preciso olhar para os dois lados e ter a certeza de que você consegue chegar ao outro lado com tranquilidade e em segurança, sem precisar correr. Muitas pessoas não fazem isso e o descuido pode resultar em um acidente”, alerta ela.

No ano passado, de acordo com o Programa Vida no Trânsito (PVT), 181 pessoas foram vítimas fatais de acidentes em Curitiba. Destes, 34 eram pessoas com 60 anos ou mais, e 65 eram pedestres.

Segundo o PVT, a taxa de mortalidade para pessoas com mais de 80 anos é de 17,6 para cada 100 mil habitantes, a faixa etária com o maior índice de Curitiba.

Segurança no trânsito

Patrícia destaca também que, para diminuir o número de acidentes envolvendo pedestres idosos, a Prefeitura faz o uso de semáforos inteligentes em pontos estratégicos da cidade. Idosos e pessoas com mobilidade reduzida que vão atravessar em pontos de grande movimento podem aumentar o tempo de travessia ao pressionar o botão ou com uso do cartão transporte de idoso ou do cartão de pessoa com deficiência, ambos fornecidos pela Urbs.

Quem anda de ônibus também pode solicitar o cartão-transporte de idoso para ser isento do preço da passagem. Para emitir um cartão, é necessário agendar atendimento no site da Urbs e comparecer a um dos pontos de atendimento da empresa.

Para os motoristas com mais de 60 anos, é possível utilizar a credencial do idoso para estacionar nas vagas especiais sinalizadas nas ruas e estacionamentos de todo o Brasil. A credencial pode ser usada pelo idoso ou por um motorista que seja seu acompanhante.

Para emitir a credencial, o idoso pode agendar uma visita à Superintendência de Trânsito (Setran) pela ferramenta Agenda On-Line da Prefeitura. Também é possível fazer a solicitação de forma virtual. Para isso, é necessário fazer um cadastro no Paraná Inteligência Artificial (PIÁ), ter em mãos a CNH ou RG e seguir o passo a passo exigido. Para mais informações, clique aqui.

Não ao idadismo

Ruth Sass gosta de dirigir, e não pretende abandonar o volante tão cedo. Ela reforça que o trânsito muitas vezes pode ser um ambiente excludente para o idoso.

“A gente sente o preconceito no trânsito algumas vezes, e isso não é legal. Tem certas pessoas que duvidam da nossa capacidade só por sermos mais velhos, mas eu tenho a minha CNH, eu sou apta a dirigir e no trânsito ninguém buzina para mim”, defende Ruth.

Patrícia Bastos também destaca que trânsito é lugar de respeito, e não de idadismo: “Os idosos passam por uma avaliação médica e é o especialista quem vai dizer se ele está apto ou não a ter sua carteira renovada. Se o idoso tem a CNH em dia, é porque ele tem plenas condições de dirigir. Não cabe a mim ou a você julgar quem está no trânsito, só respeitar”.

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