Interesse e pressa

Curitiba negocia com três laboratórios para comprar vacina por conta própria

"Quero tornar Curitiba a primeira cidade totalmente imunizada do Brasil", diz Greca, ao iniciar vacinação. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

A prefeitura de Curitiba aguarda somente uma brecha dos laboratórios para adquirir vacinas de Covid-19 por conta própria, fora do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. Incumbido pelo prefeito Rafael Greca (DEM) de negociar a aquisição de doses, o secretário municipal de Planejamento, Finanças e Orçamento, Vitor Puppi, afirma que conversa semanalmente com representantes de três laboratórios.

As negociações são com o Instituto Butantan – órgão do governo de São Paulo que produz a chinesa Coronavac -, com a Johnson & Johnson – laboratório americano que fez a última fase de testes no Paraná da vacina Janssen-Ciliag -, e com a Bharat Biotech – laboratório indiano que deve iniciar em março testes da vacina Covaxin no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

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O contato frequente, mesmo sem perspectiva de aquisição a curto prazo pela escassez mundial da vacina, é para que a prefeitura largue na frente assim que os laboratórios abrirem as negociações além da feita com o Ministério da Saúde. “Por enquanto, os laboratórios estão dando prioridade para negociar com o governo federal, que tem exercido a preferência de compra”, aponta Puppi.

O secretário lembra da primeira tentativa de negociação com o Butatan, em dezembro de 2020. Naquela ocasião, Greca chegou a fechar diretamente com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), a compra de R$ 4 milhões em doses de Coronavac. Porém, na sequência, o Ministério da Saúde requisitou toda a produção do Butantan para o PNI.

Em janeiro, a prefeitura bateu novamente na trave com a Coronavac. Após demora do Ministério da Saúde em confirmar interesse em 54 milhões de doses extras que não estavam em contrato, o Butantan chegou a anunciar que venderia esse lote se o governo federal não se posicionasse. Curitiba apresentou proposta de compra de parte dessa produção, mas no fim o governo federal confirmou que ficaria com as doses.

Com esse cenário, o secretário de Finanças explica que Curitiba precisa esperar, mas sem deixar de insistir nas negociações. “Esse quadro de negociação exclusiva dos laboratórios com o governo federal pode mudar a qualquer momento. Por isso, temos feito esse esforço de manter contato constante, seja por envio de ofícios ou mesmo reuniões e ligações telefônicas”, reforça Puppi.

“O objetivo é mostrar a esses laboratórios que temos recursos para comprar as vacinas assim que for possível”, ressalta o secretário. O dinheiro pra aquisição do imunizante é do Fundo Municipal Emergencial da Pandemia, no valor de R$ 100 milhões.

Para a economia andar

Greca anunciou poucos dias antes da vacinação iniciar que o objetivo é adquirir doses para imunizar pelo menos 35 mil servidores municipais que atuam diretamente com o público. Entre os servidores estariam guardas municipais, professores, fiscais e até profissionais terceirizados, como coletores de lixo e motoristas e cobradores de ônibus.

Porém, o prefeito não descarta a possibilidade de também vacinar a população em geral com doses compradas pela prefeitura.

Puppi explica que vacinar a população o quanto antes traria dois benefícios aos cofres municipais. Primeiro, a volta propriamente da economia, movimentando comércio e indústria, consequentemente gerando mais arrecadação de impostos à prefeitura.

Além disso, a imunização aliviaria os cofres municipais de gastos pesados na pandemia. Em especial na manutenção de leitos de Covid-19 nos hospitais e no transporte público, que precisou de aporte da prefeitura por causa da queda de 50% do número de passageiros.

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