Pandemia em fase crítica

Curitiba não vai ter hospital de campanha nem mesmo com colapso na saúde; entenda

Hospital de campanha para militares, montado em Curitiba pelo Exército. Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

Desde o início da pandemia há um ano, a prefeitura de Curitiba optou por não instalar hospital de campanha. Inclusive agora, no pior momento da crise sanitária, em que o sistema de saúde da capital está colapsado pelo avanço acelerado do coronavírus, o que levou o prefeito Rafael Greca (DEM) a estender por mais seis dias a bandeira vermelha, até 28 de março.

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Na última quarta-feira (17), o Exército montou uma estrutura de campanha para atender militares e seus dependentes infectados pelo coronavírus que não puderem ser internados no Hospital Geral da corporação em Curitiba, cujos leitos também estão 100% ocupados. No interior, a cidade de Jandaia do Sul, de 21 mil habitantes, abriu dez leitos clínicos em um hospital de campanha para dar assistência aos pacientes que não conseguirem transferência para unidades referência no tratamento de covid-19 da região Norte do Paraná.

Na capital, chegou a constar em 2020 no Plano Municipal de Contingência da Pandemia um projeto de transformar o pavilhão de exposições do Parque Barigui em hospital de campanha se fosse necessário. Porém, o pavilhão acabou destinado à central de vacinação da covid-19 desde janeiro de 2021.

Além disso, a prefeitura declinou em março do ano passado da oferta da diretoria do Athletico Paranaense de instalar um hospital de campanha na Arena da Baixada, no bairro Água Verde.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) explica que preferiu adotar estruturas mais adequadas para internamentos do que tendas montadas improvisadamente. A alegação é de que em tendas seria difícil instalar infraestrutura de atendimento hospitalar, como tubulação de oxigênio, aparelhos de raio-X e condições para se fazer exames laboratoriais.

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“Hospital improvisado é um perigo, nem sempre é indicado. Mesmo se for construído com poderosos gastos, não será funcional, será quase sempre sofrível. Será um morredouro e não queremos perder ninguém”, chegou a enfatizar Greca quando negou a possibilidade de adaptar o estádio do Athletico em unidade de saúde, como aconteceu com o Pacaembu, em São Paulo, e a Fonte Nova, em Salvador, além do pátio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Opção por reativar hospitais

Em 2020, a opção foi reativar hospitais que estavam em desuso e adaptar unidades de outras especialidades. Nesse cenário, primeiro a prefeitura reabriu em abril a ala de internamentos do Hospital Vitória, no bairro CIC, cedida ao município durante a pandemia pelo grupo de plano de saúde Amil, proprietária do hospital.

No mesmo mês, a prefeitura passou a usar os leitos das maternidades Victor Ferreira do Amaral, no Água Verde, e do Bairro Novo para atender pacientes com coronavírus sempre que o sistema ficasse sobrecarregado.

Na sequência, a SMS reativou em junho, exclusivamente para tratamento de covid-19, o Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná, hospital que estava fechado. A gerência da unidade foi entregue à equipe clínica da Santa Casa de Misericórdia, sob supervisão da prefeitura.

Colapso em 2021

Com o colapso hospitalar agora em março, a prefeitura ativou uma das medidas emergenciais do Plano de Contingência para evitar a montagem de um hospital de campanha. Desde 9 de março as Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) foram transformadas em prontos-socorros exclusivos para casos graves de covid-19.

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“Tenho sido muito criticada por não ter feito hospitais de campanha, mas nossos hospitais de campanha estão aí: são os quase 300 leitos que temos nas UPAs hoje. As UPAs têm estrutura já pronta: laboratório, raio-X, rede de gases, medicação e protocolos já instituídos. É muito mais fácil”, enfatizou a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo em que narrou os bastidores que levaram Curitiba ao lockdown “Ganhamos praticamente esses leitos assim [estalando os dedos], em poucas horas. Digo que abri dois hospitais de campanha em menos de 12 horas”, reforça a secretária.

A transformação das UPAs em prontos-socorros, porém, forçou a prefeitura a ter de reorganizar todo o sistema de saúde da capital. Com isso, 42 das 111 unidades básicas de saúde da cidade tiveram de ser adaptadas para pronto-atendimento de casos leves e moderados de urgência e emergência de outras enfermidades, como enfarte e AVC, mas com um alerta.

“A hora é de concentrarmos totalmente o atendimento na covid-19 e demais casos graves de saúde. Não é o momento de fazer check-up, exames de rotina”, alerta Márcia Huçulak ao site da prefeitura, pelo risco de esses pacientes se contaminarem com o coronavírus nestes tipos de atendimento.

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