Crise hídrica

Curitiba e RMC têm reservas de água reduzidas pela metade em quatro meses, mesmo com rodízio

Represa do Iraí. Foto: Lineu Filho/ Tribuna do Paraná

A interrupção periódica no fornecimento de água não foi capaz de frear o esgotamento das fontes de Curitiba e região. Em março, quando o rodízio foi instituído, diante de uma sequência de meses com chuvas abaixo da média histórica, o nível dos reservatórios que formam o chamado sistema integrado estava em 68%. Agora, quatro meses depois, a reserva caiu para 34%. Ou seja, foi reduzida pela metade, mesmo com as suspensões temporárias que afetam os consumidores a cada cinco dias. A previsão mais otimista é que a reposição nos mananciais volte a acontecer a partir de setembro, com chuvas mais distribuídas. A crise hídrica vai durar pelo menos mais alguns meses.

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Segundo a Sanepar, a estimativa apresentada em maio já era de chegar a outubro com 25% da capacidade dos reservatórios. Para reforçar a oferta, fontes adicionais de captação de água foram incorporadas. São lagos de pedreiras abandonadas, cavas e rios menores que viraram, temporariamente, pontos de coleta. Ainda de acordo com a Sanepar, a pedreira Orleans representa hoje 8% da barragem do Passaúna. A Pedreira Malhada, em São José dos Pinhais, já foi esgotada e desativada há poucos dias. Em dois meses, foram captados ali 500 milhões de litros que desaguaram no Rio Miringuava. Até o fim do mês deve entrar em operação da transposição do rio Pequeno para o Miringuava. E em Fazenda Rio Grande, as cavas também suprem o rio Despique.

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O sistema integrado responsável pela maior parte do abastecimento de Curitiba e dez cidades da região metropolitana é formado por quatro barragens (Iraí, Passaúna, Piraquara 1 e Piraquara 2) e um rio, o Miringuava. Cada fonte tem uma proporção de importância no sistema e se encarrega de priorizar os recursos para uma determinada cidade ou para um conjunto de bairros. Por exemplo, uma parte de Santa Felicidade é abastecida pelo Passaúna, mas é possível fazer remanejamento em caso de necessidade. A barragem do Iraí é a maior e sofre com estiagem prolongada. Está atualmente com 13,5% da capacidade. Um levantamento pedido pela Gazeta do Povo indica que a reserva de água está no menor patamar da década. Em vários anos anteriores, os reservatórios se mantinham com 100%. A situação é crítica também no rio Miringuava, que está em seu menor nível, comprometendo o abastecimento na região Sul de Curitiba e em outras cidades no entorno.

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A situação é reflexo de vários meses com chuvas abaixo da média histórica, sem capacidade de repor os recursos hídricos. Alguns locais, como a Gazeta do Povo mostrou em maio, chegaram ao pior cenário em mais de 100 anos. E os últimos meses também não ajudaram. Embora o período de outono e inverno sejam sempre com menos chuvas, maio, junho e julho foram mais secos do que o esperado. Junho foi dentro da média, mas julho está 60% abaixo do que é comum para essa época do ano, segundo o Simepar. E quando choveu foi torrencialmente, de maneira concentrada em um dia, o que faz com que a água escorra e não se acumule. Houve apenas um episódio de chuvas bem distribuídas, numa sequência de dias, mas aquela quantidade de água que caía continuamente do céu foi capaz de repor menos de 1% no Iraí.

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Por isso, a estimativa é de que o sistema de rodízio seja mantido até setembro ou outubro, quando começam as chuvas da primavera. Mas se água não vier na proporção esperada, o rodízio pode ser prorrogado ou podem até adotadas medidas mais drásticas para poupar recursos. A Sanepar não divulga previsões de fim dos reservatórios, destacando que toma atitudes para evitar desabastecimento.

Volume morto?

Na crise hídrica vivida por São Paulo em 2015, a expressão volume morto se popularizou. Era uma espécie de regra que indicava que estava sendo usado o último recurso de água, já num patamar de difícil captação, abaixo do nível da tubulação de coleta. Segundo a Sanepar, esse modelo não é adotado nos reservatórios da Companhia.

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Segundo o diretor de Operações, Paulo Dedavid, a Companhia usa um sistema de sensores que avalia constantemente a qualidade da água, é o principal critério para a captação. Além disso, estando em condições adequadas, a captação pode ser feita até abaixo de 10% de capacidade em alguns reservatórios. Bombas móveis são eventualmente usadas para captar água quando as tubulações fixas não chegam ao nível da barragem ou do rio.

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