Situação no limite

Culto gera caos em vizinhança na RMC: som alto, rua fechada e até tiro pro alto

Foto: colaboração.

Enquanto para alguns as noites de terça-feira e as tardes de domingo são momentos de fé, para outros o horário do culto é sinônimo de transtorno. Os moradores da rua São Gonçalo Amarante, em Colombo, enfrentam um desafio semanal: entrar e sair da via, que tem pouco mais de duas quadras, durante as celebrações da Igreja Assembleia de Deus, no bairro Fátima. Isso acontece porque os fiéis não se limitam ao estacionamento do templo e deixam os carros dos dois lados da rua, inclusive em frente aos portões das casas.

“Quando tem evento, eu fico praticamente em cárcere privado, sem espaço pra entrar ou sair. Como a rua é estreita e fica tomada, quando há carros passando em sentidos contrários, alguém tem que voltar de ré. Já cheguei a parar no meio da rua e deixar o carro lá, não faz diferença”, relata Kassandra Wholke Tozzi, analista financeira e moradora da região há vinte e oito anos.

Kassandra chegou a acionar a Polícia Militar mais de uma vez. No entanto, a corporação disse que não poderia fazer nada. O município tem uma Secretaria de Trânsito, mas não um departamento de fiscalização, como acontece com a Setran em Curitiba.

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“Não sei nem contar quantas vezes bloquearam meu portão. Uma vez, quando minha sogra ainda era viva e morava na casa ao lado, ela teve uma crise de apendicite em dia de culto. Nós com três carros nas garagens não conseguimos sair, precisei ligar para um parente que veio nos buscar, ainda tivemos que carregar ela até a entrada da rua, ela podia ter morrido”, complementa a moradora.

Antigamente, a igreja ia além: tinha caixas de som na parte externa para transmitir o culto para todo o bairro. No começo dos anos 2000, um vizinho chegou ao limite com a situação. Em uma tarde de domingo, ele sacou o revólver e atirou contra o alto falante. Depois disso, a Assembleia de Deus retirou os dispositivos.

“Meu pai não media palavras, já brigou muito aqui na frente, nesse dia acho que ele não aguentou mais. Não é sobre a religião em si, não é preconceito, mas sim a forma como eles se comportam”, relata a filha do homem, que pediu para não ser identificada.

Outro morador tentou conversar diretamente com os fiéis. “Outro dia um homem parou uma caminhonete na minha rampa. Pedi para ele tirar e recebi deboche de volta, ele perguntou quanto eu cobrava o estacionamento, simplesmente deixou o carro ali, tentei explicar que era uma questão de educação, mas fiquei sem resposta e sem vaga”, conta Edson Luis Santana, morador da rua desde 1976.

Movimento ainda maior em ano eleitoral

Para além das datas religiosas, os anos eleitorais costumam ser de ainda mais movimento na igreja.

“Principalmente em ano eleitoral, a Assembleia recebe vários políticos, acho que eles fazem comício ali dentro. Já pedimos que a prefeitura fizesse uma faixa amarela em um dos lados pelo menos, pra facilitar o acesso, mas nada aconteceu”, complementa.

Outro vizinho não tem muro e portão em casa. Em um dia de culto, um fiel estacionou o carro encostado na parede da residência. Ele chegou a cavar um pequeno fosso nos limites do terreno para resolver a situação. Além do inconveniente, a situação preocupa pela segurança.

“É a maior confusão. Teve um dia que a minha filha chegou de noite de Uber. Era mais tarde já e o carro não conseguiu chegar nem perto de casa. Já no escuro, ela teve que vir sozinha, a pé, por duas quadras. Já reclamei na PM, na prefeitura e não fizeram nada”, conta o aposentado, José Pereira dos Santos.

Quem vai resolver a situação?

Para os especialistas, os órgãos oficiais teriam a obrigação de resolver a situação. “A Polícia Militar poderia sim atuar e aplicar multa, especialmente em cidades que não tem uma Setran, como é feito em Curitiba. A prefeitura também teria a obrigação de, pelo menos, conscientizar a igreja do problema. Outra opção é acionar o Ministério Público que pode, por sua vez, realizar uma ação conjunta de conscientização. Utilizar a igreja para chegar até os fiéis que estacionam de maneira irregular”, analisa a advogada especialista em Direito Administrativo e Administração Pública, Luiza Castro.

Procurada pela Tribuna, a Igreja Assembleia de Deus de Colombo não quis se manifestar.

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Colombo afirma que a via está sinalizada, de maneira horizontal e vertical, e que deve ser respeitada por condutores e pedestres, conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro. O órgão destaca ainda que a Guarda Municipal tem patrulhamentos preventivos em toda a cidade e atua diretamente em áreas de grandes movimentos e eventos. A instituição pede e orienta que os motoristas respeitem a sinalização de trânsito.

A nota enviada à Tribuna não fala em punições diretas para os fiéis que estacionam de maneira irregular.

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