Oficinas de histórias em quadrinhos, aulas de teatro, música e oficinas de tecnologias são algumas atividades adotadas pela Secretaria Municipal da Educação de Curitiba para garantir atendimento especializado aos estudantes com altas-habilidades, conhecidos também como superdotados, que estudam em escolas da Rede Municipal de Ensino.
São meninos e meninas entre 6 a 13 anos, com potencial acima da média e que exploram durante as atividades extracurriculares os limites de suas imaginações e conhecimento. Os cursos e oficinas são realizados por profissionais especializados na área, a partir de parceria entre a Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais e os departamentos de Ensino Fundamental e de Tecnologia e Difusão Educacional. A participação nos cursos varia conforme a área de interesse da criança.
Neste primeiro semestre, um grupo de 22 estudantes com altas-habilidades, de diferentes escolas da rede, está participando de um curso de Histórias em Quadrinhos, ministrada em uma sala do departamento de Difusão Cultural da Secretaria da Educação.
As crianças dedicam horas a aprender os traços que os permitem criar histórias de heróis, princesas e vilões. É o que faz o estudante da Escola Municipal Papa João XXIII, Kenzo Toda, de 9 anos. Ele se considera um roteirista em formação. “É uma ótima oportunidade para aperfeiçoar meu desenho e a produção de roteiros”, diz Kenzo.
Outro estudante, Lucas Fagundes, de 10 anos, da Escola Municipal Dario Velozo, tem adorado as aulas, pelas quais descobriu que pode ir além com os traços que ele cria. Em poucas aulas o menino aprendeu a desenhar a caricatura do professor de desenho. “É muito bom transformar em desenho o que às vezes está em nossos pensamentos”, disse Lucas.
As aulas de quadrinhos são realizadas a cada 15 dias. O objetivo é promover conhecimentos de códigos das diferentes linguagens artísticas. “De forma prática e lúdica, as aulas instrumentalizam as crianças para o desenvolvimento da capacidade criadora ou da criatividade estética para a expressão por meio do desenho”, explica o professor do cursos Fulvio Pacheco.
Educação Inclusiva
Estudantes com altas-habilidades são parte do público da Educação Especial. “Eles necessitam ser atendidos nas suas especificidades”, diz a secretária municipal da Educação, Roberlayne Roballo.
Para garantir que a potencialidade do grupo seja direcionada às atividades de ampliações de conhecimento e até mesmo da descoberta de novos talentos, a Secretaria investe no atendimento do grupo em Salas de Recursos para altas habilidades/superdotação. São cinco salas de recursos, espalhadas em unidades da secretaria em diversos bairros, que oferecem atividades de enriquecimento curricular para aproveitar as habilidades das crianças. Além das atividades com os estudantes, há ofertas constantes de cursos de formação continuada para orientar os profissionais da rede de ensino a identificar em suas turmas estudantes com altas habilidades. Quando identificados, são encaminhados para as atividades extracurriculares.
Para os pais dos estudantes com altas-habilidades foi criado um Grupo de Discussão Orientada sobre Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). Formado por profissionais da rede de ensino interessados no tema, professoras das Salas de Recursos de AH/SD e familiares dos estudantes. O grupo foi criado neste ano para a discussão de temas relacionados à inteligência, talento e superdotação.
Ao participar de reflexões sobre os temas como inteligência, criatividade, concepção, características e identificação da pessoa com altas habilidades/superdotação, o grupo amplia conhecimentos e estabelece estratégias para a potencialização dos talentos das crianças. “Saber sobre as características dessas pessoas ajuda a entendê-las e orientá-las nas suas especificidades” explica Eliane Titon, responsável pelos projetos de ,altas habilidades/superdotação.
Maria de Lourdes Ruthes, mãe de duas crianças identificadas com potencialidade, matriculadas em escolas municipais, considera o encontro uma oportunidade de receber orientação e trocar experiências com profissionais da área.
“Percebemos que a cada encontro além de conhecimentos encontramos com pais que vivem as mesmas situações, que falam a mesma linguagem e que vivem as mesmas inseguranças que nós. Partilhar experiências e saímos fortalecidos”, comentou Maria de Loudes.